"Durante anos, a sociedade colocou em minha boca, pele, cabeça e nos papéis que sou "parda". Por causa da minha aparência, dos meus cabelos, da minha cor de pele, e dos meus traços, já fui seguida em estabelecimentos por seguranças, fui confundida como babá do meu filho, e já pediram para eu alisar o cabelo para me enquadrar "melhor" na sociedade. 
Agora, após participar de uma banca de autodeclaração étnico-racial me vejo num limbo, onde fui classificada "indeferida" para o sistema de cotas. Minha história, meus ancestrais tremem aqui dentro. Minha cabeça está afogada em incertezas e minha luta sufocada, mais uma vez. 
Na minha cabeça ecoam questionamentos: E minha representatividade? As respostas chegam acompanhadas de lágrimas: Não importa mais. Não tenho voz, nem história, nem traços. Sou qualquer coisa. Um pedaço de pessoa vagando pelo Mundo sem voz ou vez, mais uma vez. Meus ancestrais foram presos, açoitados e calados. Branca sou? Amarela sou? Eu sou negra. Sou preta. Sou parda. Sou indígena. Sou Dandara. Sou todos e todas que sofrem ou sofreram com o racismo no Brasil."


Fonte:  moça anônima, que teme represálias.