Bruno Rico, o reto morador de Madureira, no Rio De Janeiro, Brazil escreve:
"Saí de casa pra trabalhar e me deparei com este bilhete depois de mais uma noite tensa.
Este bilhete simboliza a preocupação de uma mãe que tem um filho morando em área de guerra e deixa um recado de alerta para que ele possa reduzir as chances de ser morto quando voltar pra casa.
Minha mãe não é militante e nunca leu um livro na vida, mas ela é preta e tem um filho preto que mora em favela, e isso já é o suficiente pra ela entender o racismo estrutural do país e saber que, dependendo da minha vestimenta, minhas chances de voltar vivo e em segurança diminuem, já que posso ser facilmente confundido com um bandido.
Se sua mãe não tem ou nunca teve esse tipo de preocupação, sinta-se privilegiado; o problema é que quanto mais privilégios a pessoa tem, menos ela liga pra esse tipo de coisa e mais ela nega os próprios privilégios.
Sabem o mimimi que vocês vivem falando que preto faz? Mimimi significa choro, e minha rainha só escreveu este bilhete pra que ela não precise chorar em um velório sem honrarias e condolências das autoridades."