Ele acarinha, demoradamente, o cordão umbilical que o liga a mamãe.

O alimento da vida.

É uma despedida da piscina-útero que o faz sentir-se bem confortável. Em casa.

Tchau, tchau, piscininha, amor!- pensa ele.

Ele, o meninozinho, está prestes a nascer, e do seu lugarzinho aconchegante acompanha as arrumações frenéticas, na preparação para  sua chegada.

Mamãe arruma a mala da maternidade e desembrulha emoções.

O meninozinho vai conhecer o mundo grande, cheio de gente.

Agora são só ele e ela, em um universo povoado de afetos, e sons que vem das profundezas da alma dessa mulher que o carrega no ventre.

Tem horas que o meninozinho fica bem silencioso pra escutar  os sinais do corpo da mãe: intestino, respiração, estômago,e principalmente, o coração.

Quando escuta o tum-tum do coração da mamãe fica calminho, calminho.Se sente protegido. Seguro.

E quando a mamãe conversa com ele, então, o mundo todo vira festa.

O lugar que habita, está um tanto apertado, e, nem pode mais se espreguiçar direito, às vezes, acidentalmente acerta uns chutes nas costelas da mamãe, que se comprime de dor, e mesmo assim sorri.

O meninozinho e sua mãe são uma equipe substantiva.

Já está chegando a hora do meninozinho, feito de afetos e multiplicidades de sentidos, ser parido para o mundo.

E ele está achando essa experiência fantástica e amedrontadora: - Como será sua relação com esse outro mundo desconhecido? –fica matutando, mas, daí despreocupa-se porque sabe que a mãe o guiará.

São companheiros nessa grande aventura do nascer.

A mãe é seu abrigo, abraço, sua zona de conforto.

O meninozinho,que tem o nome de Caio, trazendo consigo um acúmulo de sonhos,  está prestes a nascer.

Abrindo portas e revelando um novo ano novo, principalmente no coração de sua mãe.

Que ansiosa murmura:- Vem logo, meu filho!