Ialandalu Conceição é  mãe de Pedro. É mestra em Educação pela  PUC/SP, compõe o Coletivo Di Jejê, um espaço de formação e produção de conhecimento sobre a mulher negra, para a mulher negra, feito por mulheres negras.  É mãe de Pedro e ao escrever sobre a sexualidade do filho constrói a realidade de uma forma muito concreta, como reflexão. 

“Eu acabei de ver Bohemy Raphsody com meu filho, de oito anos. Eu amo cinema, e compartilho esse amor com eles.

Pedro é gay. Ele é uma criança gay. Ele nasceu assim, essa é uma condição natural dele. Sempre mostro para ele pessoas gays, para que ele entenda que é natural ser gay, que não nada de errado com ele.

Ele ama a Liniker, e choramos muito vendo sobre o Freddie Mercury. Numa das cenas do filme, ele me disse: a mãe dele nunca disse pra ele que ele é perfeito e normal mesmo sendo gay?

Eu tenho medo do futuro, mas uma coisa eu tenho certeza, ninguém vai tirar do meu filho a certeza de que ser diferente é ser normal.” 

 

 

Sobre criança, gay

Discutir a comunidade LGBT em relação à infância e pré-adolescência é tabu porque em muitos momentos essa discussão é vista como uma sexualização muito mais do que é uma de representação. A ideia não é subverter ou avançar o desenvolvimento sexual da criança através de representações distorcidas – pelo contrário, é refletir uma realidade para que elas não se sintam tão sozinhas.

"Nasci gay e sou assim", afima Rodrigo de Almeida “Essa preocupação sobre o que as pessoas vão falar parece ser uma constante na vida de um homossexual que não se entende. Pelo menos foi assim comigo. E isso fica ainda pior quando você é religioso. Quando você ouve de pessoas que parecem querer se colocar no lugar de Deus, e elas dizem que homossexuais são aberrações, abominações, que Deus não aceita isso. Passei pelo menos 15 anos de minha vida buscando algum tipo de cura para o que eu sentia em relação aos meninos, ou alguma libertação.  Essa cura ou libertação não chegava. Apesar de eu ser crente, ter fé em Deus, orar incessantemente…”

O psiquiatra Richard Green conduziu o principal estudo nesse campo, nas décadas de 1970 e 1980 e fez algumas especulações.

Ele acompanhou da infância à maioridade, 44 meninos que desafiavam os papéis tradicionais de gênero. 30 deles se tornaram adultos gays ou bissexuais, enquanto apenas uma criança do grupo de controle, contendo 34 participantes em conformidade com os padrões, se tornou gay.

Não existe uma idade mágica na qual as crianças adotam um comportamento estereotipicamente gay, mantendo-o até a maioridade.

É difícil apontar o início e a tendência de uma criança para o comportamento masculino ou feminino, que pode aumentar e diminuir ao longo da infância. 

Algumas mães dizem a psicólogos que sentiram que seu filho era gay ainda na infância.  Na maior parte das vezes as mães superprotegem o filho e fecham os olhos para todo o resto.

Tudo isso são especulações do psiquiatra Richard Green, uma tentativa de explicar a base do comportamento e a reconhecer que elementos de sexualidade e gênero são construídos antes da pós-adolescência

É importante ter um material pedagógico e didático para trabalhar questões de gênero na infância,na escola que é o período onde mais se sofre bullying/homofobia, que causa sofrimento na criança e também nos pais que não sabem o que fazer.

Fonte: Ialandalu Conceição

Com informações: http://www.andrekummer.com.br/2017/12/quando-as-criancas-gays-comecam-ser-gays.html