Em entrevista coletiva onde detalhou o processo seletivo - cuja primeira etapa começa nesta quarta-feira (13) - para preenchimento de cinco cargos comissionados em seu gabinete, o deputado estadual Davi Maia (DEM) também falou sobre o veto do Executivo a emenda, de sua autoria, impedindo descontos previdenciários do valor pago aos professores referente as sobras do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb).

A lei, com o veto, foi sancionada ontem pelo governador Renan Filho (MDB) e publicada à noite, em edição suplementar do Diário Oficial do Estado.

Na entrevista ocorrida no auditório da Assembleia Legislativa (ALE), Maia contou que desde ontem vem conversando com os deputados sobre o assunto. A expectativa dele é que o veto à emenda aprovada por unanimidade seja derrubada em plenário.

“O veto é absurdo. O governador diz, no artigo 7º da proposição, que o rateio não se incorpora a remuneração, ou seja, não é salário... Se não é remuneração, não pode ter desconto previdenciário... O veto é desdizendo o próprio projeto dele... É uma afronta ao professor, a Justiça e a Assembleia Legislativa, porque o governo teima no erro”, argumentou.

Oposição

Questionado sobre o fato de não haver rateio em outros municípios, a exemplo de Maceió, o parlamentar defendeu que isso é o correto: “Só teve sobra porque o professor, o servidor não recebeu, não teve aumento. Não é mérito haver sobras. O rateio não é ilegal, mas é imoral”.

“Queria viver no Instagram oficial do governador. Seria mais feliz!”, ironizou Maia, confirmando que manterá a postura de oposição, com “consciência”, aplaudindo as iniciativas que considerar louváveis e criticando os erros, a exemplo da Companhia de Abastecimento (Casal), que para ele devia ser privatizada.

Ele reforçou, entre as principais bandeiras de seu mandato, as causas ambientais; diminuição do Estado; redução de tributos; e renovação da política, pauta que, segundo o deputado, tem sido muito debatida em conversas com o prefeito Rui Palmeira (PSDB), com o senador Rodrigo Cunha (PSDB) e o deputado federal JHC (PSB).

Comparação

Sobre as comparações surgidas entre ele e Rodrigo Cunha, principalmente depois do anúncio do processo seletivo para o gabinete, respondeu com bom humor, pontuando as diferenças entre ambos: “Se eu for o novo Rodrigo Cunha estarei muito feliz. Ele derrotou os Calheiros, fez campanha sozinho... Serve para mim como referência, mas não sou o novo Cunha, sou o Davi Maia. Sou mais briguento, ele é mais estadista que eu, mas está no meu espectro político e é uma das pessoas com quem mais converso sobre política hoje. Vamos trabalhar juntos”.

Frisando que seu “mandato copiará sim as boas práticas”, afirmou, que além de ter se inspirado no tucano - que realizou seleções públicas para preenchimentos de cargos comissionados quando foi deputado estadual e agora, no Senado – também tem adotado e irá adotar ideias interessantes parlamentares de outros estados, a exemplo do aplicativo Nosso Mandato, desenvolvido pelo vereador Gabriel Azevedo, de Belo Horizonte (MG). Por meio da plataforma, o usuário pode acompanhar de forma direta as ações do mandato, sugerir pautas, entre outros pontos.

A respeito da seleção para seu gabinete, garantiu: “Não tem ajeitado, não tem arrumado, não tem interferência do deputado, nem de ninguém”.

Pinheiro e barragens

Ao responder a perguntas sobre a problemática no bairro Pinheiro, Maia destacou a importância de aguardar os laudos conclusivos sobre as causas das rachaduras na região: “Não posso dizer hoje qual é causa, o que posso afirmar é que irei cobrar. Sou contra a criação de uma CPI na Casa, porque ainda não há o que investigar. Acho que tem que ser criada mesmo a comissão especial, da qual vou participar”, afirmou, criticando o fato de alguns políticos estarem usando o Pinheiro como questão eleitoral.

“O que está causando o problema? É a Braskem, a Casal, a Prefeitura ou é geológico? É preciso primeiro saber a causa e, se tiver CPF, CNPJ, tem que prender... Mas, temos que esperar os laudos. Sei que é uma eternidade para quem teve que deixar suas casas ou está com sua casa rachada”, completou.

Ao repercutir a tragédia de Brumadinho, também chamou a atenção para o fato de Alagoas ter 24 barragens em alerta e, das três existentes em sua terra, Quebrangulo, pelo menos uma, a do Bálsamo, coloca em risco a vida das pessoas, mas não está sendo fiscalizada pelo Estado.