Pai Jorge de Oxossi, do Rio de Janeiro, escreve e o blog republica:
“Ouvi o Boechat ontem pela manhã. Hoje, ele não mais vive. Um dos meninos do Flamengo só dormiu no CT porque no dia seguinte iria a um evento do clube. Outro foi enterrado no dia do seu aniversário. Um dos mortos de Brumadinho não estava na escala de trabalho, mas fora chamado no dia anterior. Outro dia, choveu no Rio, um fenômeno que acontece com certa frequência, e sete pessoas morreram. A morte tem disso, não liga muito pra nossa agenda.
Em pouco tempo, vimos a morte chegando de formas diferentes, mas sempre com a mesma agudez. A morte é a conclusão óbvia da vida. E, diante dela ,não podemos usar como defesa que ninguém nos avisou. Uma cultura que ascendeu o Humanismo como regra finge valorizar a vida, mas a faz de forma tão superficial que deixa de tratar a morte como deveria.
E, por não tratar dela, somos pegos de surpresa a cada dia. Não quero parecer mórbido, mas no dia em que entendi que em breve período de tempo não estaremos mais aqui, minha vida foi mais feliz. Vi que sou um em 7 bilhões. Portanto, faço aqui um apelo à reflexão, tão urgente que vim aqui escrever. Valorize as coisas boas. Viva bem. Não se mate de trabalhar. Tenha pessoas queridas por perto e, principalmente, tenha seus períodos de solidão. Seja produtivo, mas tenha dias de notável e gloriosa ociosidade. E como dizia o próprio Boechat: "toca o barco!"
(Afinal, o rio corre, e um dia a gente chega ao mar)”
Fonte: Pai Jorge de Oxóssi