Rosiane Rodrigues, ativista negra do Rio de Janeiro, escreve:
Dez meninos (em sua grande maioria) negros e pobres, em busca do sonho de serem campeões - da bola e da vida.
Dez famílias destroçadas e uma nação inteira de luto.
Em meio à tragédia, meu menino - que também cultiva o sonho de ser campeão - me mostra postagens no twitter do tipo "tem que morrer mais" e "Força, fogo!". As lágrimas de pesar pela morte dos jovens se misturam as da revolta pela existência de uma gente assim. O estômago embrulhado de nojo.
Que dejetos travestidos de seres humanos são esses? Em que momento a escrotidão e imundície se tornaram moda nas redes sociais?
Isso é mais, muito mais, que racismo. É o ódio que retira qualquer constrangimento frente à dor do outro. É escandaloso e abjeto termos que dividir o planeta com essas aberrações.
Que toda nação rubro-negra seja acolhida. Que todas as famílias que perderam seus campeões sejam consoladas. Que todos os meninos sejam e estejam paz na outra vida.
No entanto, a nós, fica a pergunta que não pode nem deve calar: Até quando o cheiro da morte acompanhará as nossas crianças?