A ajudante de cozinha Poliana de Oliveira escreve:
"Conheci o Branco, como o chamo, aos 17 anos. Liguei para um número e caiu errado. Ele atendeu, ficamos conversando e não paramos mais de nos falar. Naquela época, não me dava bem com meu padrasto e optei por morar sozinha, mas estava desempregada, sendo sustentada pela minha mãe. O Branco me prometeu uma vida melhor, e dois meses depois de nos conhecermos, já estávamos morando juntos. Fiquei grávida nove meses depois de me mudar, e foi quando apanhei pela primeira vez. Não lembro o motivo, mas começamos a discutir até ele pegar meu pescoço e me jogar de um cômodo para o outro. Depois, pediu desculpas e disse que nunca mais ia acontecer. Eu perdoei. Tive depressão pós-parto e ele começou a ser mais agressivo. Achava que era frescura minha. Quando o bebê tinha três meses, apanhei de novo. Meu peito estava sangrando e eu não conseguia dar leite. Ele veio para cima de mim e me deu vários socos. Minha mãe e minha irmã foram em casa me socorrer, e ele trancou todo mundo. Disse que ia colocar fogo na casa. Minha irmã o convenceu a abrir a porta e ele me jurou de morte se fizéssemos denúncia na polícia. Eu não tinha como voltar para a casa da minha mãe porque não me dava bem com o marido dela. Já minha irmã vive com o marido numa casa de um cômodo. Minha cidade não tem casa de acolhida para a mulher. Há seis meses, então, fui morar com a minha avó, depois de uma nova agressão. Registrei uma queixa na polícia por ameaça e agressão, e recebi medida protetiva. Mas acabei voltando para ele e retirei a denúncia... Mas fui agredida de novo. Dessa vez, chamei a polícia. Ele jurou para o oficial que não tinha me agredido. Falou ainda que eu era louca, e, por isso, não o prenderam. Como vi que não teria paz, joguei gasolina no meu corpo para tentar me matar. Fiz isso na frente dele e do meu filho. Eu preferia a morte a viver com ele. Quando peguei o isqueiro, ele me jogou embaixo do chuveiro. Eu só pedia que ele me deixasse morrer. Tentei o suicídio mais uma vez. Depois disso, fui ao psiquiatra e ele sugeriu que eu saísse de casa Arrumei um emprego numa pizzaria e, em três meses, consegui seguir o conselho do médico. Apareci na minha mãe machucada, e decidimos que eu ficaria ali. Estou agora refazendo minha vida, e pelo meu filho. Só vivo pra ele. Depois de tentar me matar, pensei no quão difícil seria para ele crescer sem mãe, já que o pai não presta. Meu ex ainda me ameaça, vem na porta de casa. Já chamei a polícia, mas ela não fez nada. Parece que esperam a gente morrer para tomar alguma atitude....
https://universa.uol.com.br/noticias/redacao/2019/01/17/tentei-me-matar-por-causa-de-marido-agressivo-