O pretinho tem 10 anos e está na noite alta catando latinhas para sobrevivência da família, enquanto com um rabo de olho e ouvidos acesos acompanha o povaréu que desfila o novembro negro, ali no meio da praça.

O preto menino captura momentos, cheiros, Tem o olhar faminto da curiosidade que produz saberes.

Perspicaz, o menino preto, catador de latinhas, para defronte a um cartaz onde está escrito empoderamento negro e fica por ali cismando o mundo.

E ao me interceptar no meio do caminho, mostra o cartaz e pergunta:- Tia, o que é empoderamento negro?

Matuto pra mastigar respostas  e ressignificar significados sobre o que quer dizer na prática, no cotidiano do menino que cata latinhas, essa coisa de  empoderamento negro.

O preto expectante por resposta, me observa  e invento novos ângulos,lugares , desbravar a alma pra encurtar distâncias da vivência  da vida real do menino, que cata latinhas é preto e mora nas periferias longínquas das grande Maceió,para o sentido plural,coletivo da luta.

Não sei se ele entendeu.

Novembro!