É sempre louvável quando uma produção decide sair da zona de conforto para entregar algo diferente dos produtos costumeiramente saem do forno. O cinema nacional não costuma fazer o chamado "cinema de gênero", por isso nos vemos entre comédias globais e dramas intensos sobre a realidade do país ou conflitos familiares. 
Diante disso, foi uma grata surpresa assistir ao longa "As Boas Maneiras" (2017)

Isabel Zuaa é Clara, desempregada que é contratada por Ana (Marjorie Estiano) para cuidar de seu bebê, que está para nascer.
A rotina trata de aproximar as duas mulheres, mas estranhas crises de sonambulismo deixam Clara apreensiva com o comportamento de Ana.

Juliana Rojas e Marco Dutra, diretores do longa, criaram em "As Boas Maneiras" um conto de terror em que são discutidas questões como a natureza e o instinto de proteção que acolhe o outro por quem nutrimos sentimentos verdadeiros. 
O filme tem um clima de mistério que vai alimentando o suspense e preparando o espectador para o destino das personagens.
Os efeitos utilizados não são perfeitos, mas não comprometem a imersão na história, que tem ritmo cadenciado e alinhado.
A cena final é minha favorita e retrata bem os sentimentos primitivos da natureza humana.
A nota final, talvez não seja das mais altas, mas é melhor ser julgado pela ousadia, do que seguir a maré que leva sempre para o mesmo lugar.

6.5