E na descida das escadarias da Associação Comercial, no bairro de Jaraguá, em Maceió,AL esbarrei com o abraço dela. Tinha tantos sorrisos nos olhos, que foi impossível não sorrir em retorno. Sem reconhecê-la, perguntei-lhe de onde eu a conhecia.
Ela respondeu: Do Sandra Luzia.
O Santa Luzia é o presídio feminino localizado na capital Maceió, em Alagoas.
É no Presídio Santa Luzia que o Instituto Raízes de Áfricas, com o apoio institucional da Secretaria de Estado de Ressocialização e Inclusão Social vem realizando ações voluntárias e permanentes de humanização junto às presas.
Ela me falou que saiu faz três meses e se prometeu que iria recuperar o tempo perdido: Quando fui para lá estava grávida e, hoje, meu filho é meu maior tesouro. Meu porto seguro. E nos mostra a foto do RG de um meninão de olhos claros e excesso de fofura.
Quanto tempo você ficou presa? -pergunta Nelma Nunes, que presenciou o encontro. Ela respondeu: Dois anos e três meses.
E emenda: “Participar dos encontros do Instituto Raízes de Áfricas para mim foi de grande ensinamentos, me permitiu uma comunicação com o mundo aqui fora, e depois que voltava para cela, dava conselhos as minhas amigas que não podiam participar.Eu sempre tive bom comportamento e a Dona Nadja me indicava para os encontros.’
Esses dias mostrei uma foto da senhora para minha mãe e disse que iria encontrar a senhora de qualquer jeito, e encontrei- diz satisfeita.
Estou correndo atrás da minha documentação e vou voltar aos meus estudos. Meu pai quer que eu faça o EJA, mas, eu prefiro começar de novo, do começo e aprender, de verdade.
Ela me disse o nome, a idade, e quer saber? Eu fiquei encantada com essa moça e o desafio posto diante da vida.
Apesar de tudo, eu vou vencer. A senhora pode acreditar- afirmou ela.
Eu acredito.
É preciso dar tempo ao tempo.