'Isokan" na língua africana ioruba significa solidariedade.
E na sexta-feira, 17 de agosto, o Isokan se transformou em uma grande ciranda, comandado pela jovem feminista Thati Nicácio..
A proposta de realização do ‘Isokan”, ou Exercício da Solidariedade entre Grades, foi do Instituto Raízes de Áfricas, com o apoio institucional da Secretaria de Estado de Ressocialização e Inclusão Social e Federação das Indústrias do Estado de Alagoas.
No encontro teve uma ciranda bem assim: “Companheira me ajude que não posso andar só, sozinha ando bem, mas, como você ando melhor”.
Teve troca de palavras e afetos. Rostos contritos e choros silenciosos. Teve gente de todas as idades. Da vovó que anda amparada por outras presas ( isso é solidariedade, né?), como a menina de 18 anos que se agasalhava nos braços, que dei como abraço.
E pensei: 18 anos e já presa!
Teve dinâmicas de proximidade, daquelas em que você deposita na outra pessoa a confiança da partilha.
Teve a fala da jovem feminista, Thati Nicácio que levou para dentro do presídio palavras como respeito, sororidade, companheirismo.
Teve o olhar maior para os homens trans que vivem no presídio feminino. Eram três. Um deles enxugava as lágrimas com a manga da camisa, outro se fazia invisível e o último arrasou nas cantorias.
Perguntei seu nome, imediatamente falou no feminino, mas logo depois emendou com o nome social. Indaguei como gostaria de ser chamado e ele disse: Com o nome de homem.
Teve sacão de pipoca com refrigerante.Só não teve o filme (ai, que chato!) , porque na hora a tecnologia nos deixou a ver navios.
E teve depoimentos entre as grades. "Essa minha companheira - disse uma presa- me ajudou muito quando cheguei aqui. Eu tinha muito medo, mas, ela me acalmou e ficou por perto. Eu nunca vou pagar o cuidado que ela teve comigo. E é minha amiga até hoje."
Sim, o Instituto Raízes de Áfricas falou em solidariedade entre as grades no presídio Santa Luzia.
E o nome disso é Isokan
Essa roda encerrou, mas, novas rodas virão..
Quer vir com a gente?