A essência de Ubuntu é o respeito e a solidariedade nas  alianças e convivência entre as  pessoas.

Sororidade é uma prática ocidental, que fala da união e aliança entre mulheres, baseado na empatia e companheirismo, em busca de alcançar objetivos em comum.

Será que  essa sororidade propagada, a torto e  a direito,  feito comercial de margarina está inclusa no pacote da filosofia africana?

25 de julho é o Dia Nacional da líder da resistência quilombola em Mato Grosso no século 18, Tereza de Benguela e Dia Nacional da Mulher Negra. A data foi homologada pela presidenta Dilma Rousseff em 2014, em homenagem a nossa Tereza.

No 25 de julho vamos realizar um monte de seminários, na cidadela Maceió,aqui e acolá, para falar de nós para outr@s, mas quando é mesmo que falamos de nós para nós mesmas?

Na era das redes sociais vamos postar videozinhos bonitinhos, mas, qual  o momento que nos reconhecemos irmãs?

O que foi feito de nossa luta em nome de Cláudias Ferreiras, Luanas Barbosas,Marielles Francos e tantas outras marginalizadas e esquecidas?

As pretas das periferias, presídios e etc e tal

O que há de irmandade” entre nós, mulheres pretas das Alagoas de Palmares?

25 de julho é dia de bater tambor e realizar  cantorias festivas. Sim, isso é coisa de Áfricas, mas qual o real momento que a Áfricas falam em nós?

 “Eu sou porque nós somos”- diz a essência da filosofia africana, Ubuntu, mas, qual é o momento que nos vestimos de verdadeira empatia pela irmã que ocupa espaços diversos dos nossos? 

Quanto da opressão ocidental existe em nossa relação com  outras pretas que deveriam ser nossas iguais?

O que, de verdade, celebramos hoje?

Ações, como políticas públicas,  com prazos e metas, que estabeleçam cidadania?

Temos nas Alagoas de Palmares, índices alarmantes da exclusão social e a negação dos nossos  direitos de pretas.

Nossas meninas são atropeladas pelos números estatísticos, que, incontestavelmente, esfregam em nossa cara, que vidas pretas continuam a não ter a mínima importância para as políticas públicas das Alagoas, apesar de Aqualtune.

Considerando os números, incontestavelmente, massacrantes que asfixiam a vida de jovens e mulheres pretas, através do genocídio naturalizado, racismo invisibilizado e a exclusão social das pretas,  nas Alagoas de Palmares.

Considerando todos os números que nos matam, diariamente,  nós, mulheres pretas das Alagoas temos o que mesmo pra comemorar?

Ubuntu!