O senador Benedito de Lira (PP) criticou a inação do Governo Federal, por meio do Ministério da Agricultura, para colocar em prática a lei, regulamentada em 2016, que possibilita a venda de remédios veterinários genéricos no País. Em pronunciamento no Senado nesta quinta-feira (12), ele também citou o que considera um lobby muito forte - e até uma espécie de “cartel” - dos grandes laboratórios para evitar a comercialização.
“É preciso dizer claramente, e vou dar um exemplo técnico, prático de um produto hoje. Um litro de Ivomec para vacinar os animais deve custar hoje cerca de R$400, e o genérico custaria cento e alguma coisa ou duzentos e alguma coisa. Então, minha gente, isso é uma espécie de cartel – não tenho a menor dúvida – dos laboratórios neste País”, afirmou.
Lembrando que o setor agropecuário aguarda essa mudança há muitos anos – de sua autoria, o projeto que deu origem a lei tramitou de 2003 a 2012 - Biu destacou que apesar da lei e da regulamentação, não há interesse nenhum, há “má vontade” por parte do Ministério da Agricultura e da Secretaria Nacional de Defesa Animal em tomar as providências para que os produtos genéricos cheguem às prateleiras.
“A realidade que temos hoje é que, pela inação e negligência do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, não foram adotadas as providências de ordem técnica necessárias para que se agilizasse o registro dos novos medicamentos genéricos”, voltou a frisar, em outro trecho do discurso, acusando a pasta também de “má vontade”.
O senador anunciou que, em agosto, irá promover uma audiência pública para que Ministério e Secretaria de Defesa Animal possam se explicar: “Aí, vão dizer: Mas os laboratórios não procuraram! Lógico, eles não têm interesse. Eles não têm interesse porque eles estão vendendo o produto de marca, mesmo sabendo que mais de 40% do rebanho brasileiro não tem sido vacinado na hora do momento de vacinação”.
Em aparte, a senadora Kátia Abreu (PDT-TO), completou: “O que há por trás disso tudo? Quando você vê uma coisa tão simples de se fazer e tão óbvia e ninguém quer fazer, pode procurar por trás que há dinheiro. Não há outra coisa, é dinheiro que vai achar... É claro que a indústria não quer criar uma competição para ela própria. Eles são poucos, combinam, e ninguém produz. Fica todo mundo quieto, ninguém está falando nada. Então, falta, de fato, uma pressão maior para que isso ocorra”.