Vanderson Castro mora em  Madureira, Rio De Janeiro, Brasil e agora é publicitário por formação. Vai lendo o que ele conta  da sua história:

"Estou lhe dizendo agora que a pergunta de como se vive dentro de um corpo negro, dentro de um país perdido no Sonho, é a pergunta da minha vida, e a resposta a essa pergunta é, afinal, a resposta em si mesma.

Essa foto.

Essa foto porque foi entrando e saindo deste portão que eu conheci o mundo real de um jovem preto favelado.

Essa foto porque foi nessa rua que aprendi o valor do respeito ao próximo. 
Essa foto porque foi em inúmeras conversas nesse mesmo portão que eu aprendi que traficante só tem três caminhos: cadeia, cadeira de rodas ou sete palmos debaixo da terra. 
Essa foto porque foi dentro dessa casa que tive certeza que a minha família é mais importante que qualquer outra coisa nesse mundo.

Essa foto porque foi meu pai que construiu essa casa.

Essa foto porque foi minha mãe que entendeu o momento que era pra eu sair por este portão e não voltar mais. 

A partir daí eu tinha um mundo pra ganhar e fui conhecer ele. Sem esquecer jamais de onde eu vim. Meu nome é favela, foi ali que eu aprendi a ser gente.

Foi por mim. Esse mérito é todo meu, mas ninguém vai sozinho e eu aprendi indo que gente boa se encontra. Nesse processo tive a sorte, além da minha família, de encontrar vários seres de luz que iluminaram todo meu caminho. Gratidão sempre.

Persistência. Olhando todo o histórico desses quatro anos e meio foi isso. E como cresci persistindo na busca pelo o que acredito. Me expus para ser testado ao extremo, entrei em 'brigas de cachorro grande'. Ganhei umas, perdi outras, persisti! Firme e forte feito um touro que sabe a hora de parar. Cheguei ao meu limite pra agora poder respirar aliviado por ter feito tudo como quase havia planejado. Planejado, aliás, com uma pessoa que sonhou comigo esse momento: Alice Costa (ela nem deve lembrar e ver isso, mesmo assim obrigado!).

Ter um canudo não anula o fato de eu ser um cara preto e favelado. Afinal, agora já em vigor, o racismo muda de face e passa a ser sutil, disfarçado de falsos elogios. Mas estamos vivos resistindo como antes, só que com mais intensidade. Sigo firme preto e publicitário.

Vai ter preto formado!https://static.xx.fbcdn.net/images/emoji.php/v9/f74/1/16/1f468_1f3fe_200d_1f393.png"

 

Fonte:https://www.facebook.com/castrovanderson?hc_ref=ARSZX-pq6lisaC7686x4ER2i8JbpFH-HI2jXMdRExpUSssY-_rawmqW8Na0JCc0Bcl0