Maria José da Silva, aos 58 anos é franzina, tímida e com um fio de voz afirmou: - Minha gente eu quero que vocês me ajudem a encontrar o corpo do meu filho, vivo ou morto. E eu quero que aconteça a justiça dos homens.
É uma mulher frágil que se agiganta com o tamanho do desafio que a morte abrupta do filho impôs a sua vida.
Quando falou no palco da IV Conferência Estadual de Direitos Humanos, acontecida em 04/03/2016, em Maceió,AL, com palavras trêmulas, não encarou a platéia, olhava timidamente, para dentro de si, do mundo que é sua dor de mãe órfã de filho desaparecido. Olha para si com os olhos fechados.
Davi era a única companhia da mulher que repete, insistentemente, a angústia espalhada no discurso: - Me ajudem a achar o meu menino!
O adolescente desapareceu após uma abordagem da Radiopatrulha no dia 25 de agosto-2014, no conjunto Moacir Andrade, no complexo Benedito Bentes, na periferia de Maceió, AL. De acordo com uma testemunha, Davi foi encontrado com uma pequena quantidade de maconha. Os policiais o colocaram dentro da viatura e desde então ele não foi mais visto.
É uma mulher com o ventre infértil do filho.
É uma mulher pobre, preta e que suplica por ajuda.
E uma mulher como tantas outras que vivem dias eternos embalando no colo, o corpo- imaginário- de um filho desaparecido.
Jovens quase todos eles pobres, pretos da periferia.
Os três "p" da suspeição policial.
E o que estado tem para oferecer a mãe do Davi e tantas outras mulheres em seu dia?
Flores?
Poesia?
Homenagens?
Texto postado pelo blog em 07/03/2016 às 16:26 e nada mudou.