Líder da bancada alagoana na Câmara dos Deputados, Ronaldo Lessa (PDT) – um dos cinco parlamentares do estado que votaram a favor do decreto de intervenção federal na segurança pública do Rio de Janeiro – defendeu, em plenário, nesta madrugada, a necessidade da medida, mas frisou que, sozinha, ela não trará resultados. Ele também criticou a atuação do Ministério Púbico no combate à violência e resumiu o histórico do crime em Alagoas.
“As armas do tráfico entram pelas fronteiras. Então, não adianta só fazer intervenção no Rio de Janeiro se estivermos com as fronteiras absolutamente liberadas... Não adianta achar que se vai resolver o problema se as fronteiras do Brasil continuarem funcionando do jeito que estão hoje”, analisou, cobrando que o governo federal cumpra seu papel.
Sobre os questionamentos levantados por conta de o Rio estar em décimo lugar em número de homicídios no país, lembrou: “Mas o Rio de Janeiro é a vitrine do Brasil... Um espelho para o País. É a única coisa que pode justificar essa medida que foi tomada. Isso é bom. O PDT, através de nota, já disse que a apóia e vai votar favoravelmente, porque, se bem não fizer, mal não faz. O povo mais pobre está sofrendo e é quem mais sofre, sobretudo, no tipo de governo que nós estamos vivendo”.
O parlamentar fez ainda um breve histórico do crime em Alagoas, afirmando que a violência de hoje é completamente diferente daquela do passado: “Todo mundo sabe que, na década de 50, na Assembleia Legislativa de Alagoas, Humberto Mendes, que era sogro do governador, foi assassinado. Um senador do Estado matou outro neste Congresso. Mas não se resolve a violência pública da mesma forma que se resolve a violência individual que aconteceu em Alagoas, de pistoleiros, como a que sofreu meu irmão, que foi assassinado”.
Lessa frisou também a necessidade de discutir o papel do Judiciário, a participação da sociedade e criticou a atuação do Ministério Público no combate à violência.
“Não basta colocar gente na rua com armas para dizer que se está combatendo a violência. É necessário saber quem está procurando o quê. Quantos homicídios são elucidados no Brasil? Onde está o Ministério Público para procurar os assassinos? Não, deixe para lá. É periferia. É guerra entre eles. Porque são pretos e pobres, o Ministério Público não vai atrás. Mas, se um vereador pegar uma nota de combustível diferente, no dia seguinte haverá manchete. Todo o Ministério Público estará lá”, alfinetou.