Ana mora no Rio de Janeiro, a Cidade Maravilhosa.

E na Cidade Maravilhosa vidas estão sendo interrompidas por força das balas, certeiramente, perdidas e as vítimas são geralmente crianças e adolescentes pobres, moradores dos morros e  favelas invisíveis.

Mortes em enxurradas, mas, que ainda não causam comoção ou convulsão social, a tal da indignação popular que enche ruas e pede  justiça e destituição de quem gerencia o poder.

Só em 2018, cinco  crianças e adolescentes foram executados.

São algumas das  vítimas oficiais  das  balas perdidas.

As mortes contínuas e ininterruptas na Cidade Maravilhosa e em tantas outras periferias invisíveis (na sua grande maioria das pretas gentes dos morros ),vem se tornando   meras estatísticas, noticiadas na TV.

Estatísticas que contam a história de um povo abandonado e silencioso e silenciado.

Um estudo feito pelas Nações Unidas revelou um dado alarmante: o Brasil é o segundo país da América Latina e Caribe com maior número de casos de balas perdidas e o terceiro em número de mortes causadas por esses disparos. Ficamos atrás apenas da Colômbia e da Venezuela.

E  Ana nos conta :” A bala bateu na mesa da sala, espatifou o vidro, bateu numa parede e foi parar num outro cômodo. Há alguns minutos atrás eu estava sentada ali! Estamos todos bem! A dúvida que fica é: de onde veio essa maldita? De frente pra janela só tem um prédio.De saco cheio...”

A bala, que ninguém sabe de onde veio, caiu no meio da sala de Ana. Qual seria o alvo da bala perdida?

O que vem depois da bala?