"Primeiro, eles correm atrás dos ambulantes como se os rapazes fossem bandidos. Depois, apreendem o material de trabalho, retiram tudo que está no carrinho e, em seguida, levam toda esperança de um dia sem o dinheiro que sustentaria uma família e os filhos. Como eles vão comer? Como vão trabalhar? E ter que retirar o material na Secretaria sem o ganha pão do dia. Esses caras [fiscais da SEMSCS] são uns verdadeiros abruptos do Poder Público. Que absurdo! É assim que o prefeito administra?"

Foi com esta frase acima que uma turista se manifestou observando o trabalho noturno de fiscais da Secretaria Municipal de Segurança Comunitária e Convívio Social (SEMSCS). Os considerados "abuptros" do Poder Público arrancaram na força o material de trabalho de dois vendedores de milho cozido na orla da Ponta Verde, em Maceió. 

As imagens dos vídeos - 1 e 2 - gravadas por este jornalista, que passava no momento da ação e foi chamada pela população de "desumana", causou revolta não só nos alagoanos que estavam no local, mas, também, nos turistas que ficaram chocados com tamanha ação de desrespeito ao trabalhador (ambulante) na capital alagoana. 

Ontem, por volta das 19hrs da noite, ao invés de "respeito aos direitos fundamentais das pessoas e a paz social", houve uma ação um tanto inoperante contra pessoas que gostaria de vender seus produtos para levar o "ganha pão" para sua casa e, posteriormente, garantir o sustento da família. 

Na hora dos 'ataques' dos fiscais - que agiram como se estivessem prendendo um bandido/ladrão - quem saiu perdendo foi o pequeno vendedor que ficou sem sua mercadoria.

De um lado, uma mulher gritou: "Se fosse para roubar ou ladrão... mas o rapaz está trabalhando e vendendo seu produto. Melhor trabalhar do que está roubando. Que coisa desumana!", repeliu uma senhora. 

Do outro, tentando acalmar os ambulantes e sentindo-se até constrangindo pelo espalhafatoso trabalho desaprovado pelas pessoas que caminhavam na orla, um dos fiscais tentou amenizar ao dizer "que ele -  o vendedor - teria que ir na Secretaria para se cadastrar e resolver a situação ocorrida", já que na belíssima orla era proibido vender qualquer mercadoria sem haver cadastramento na SEMSCS.

Contudo, sabe-se que os ambulantes devem fazer o cadastro e receber autorização mediante o alvará para explorar a atividade desejada. Todavia, se não há dinheiro para pais e mães de família darem o sustento dos filhos, imaginem pagar taxas e mais taxas que são cobradas pela Prefeitura.

Ah!, e não venha os grandes empresários/comerciantes fazerem comparações com esses trabalhadores que vão às ruas "arriscar" o dia a dia de labuta. 

A brutalidade imposta e a falta de respeito -  antes de tudo com o ser humano - foram duas coisas totalmente execradas pelos presentes na noite da quarta-feira na orla. Não há conversa! Não explicações! Não há orientações! Não há, por incrível que pareça, um pouco de senso comum!

O vendedor - que não sabia da determinada lei que impede o trabalho na orla - teve que voltar para sua casa sem levar o dinheiro apurado do dia, ficou revoltado com tamanha misantropia, chorou pela situação e no final ainda repulsou: "Como é que vou trabalhar agora? Era todo o dinheiro do milho que sustentava minha família. Como vou fazer para recuperar tudo que eles levaram? Qual dinheiro?", comentou. 

Fora tudo isso, além de apreender todo o material, os fiscais - nos caso dos milhos cozidos - fazem com que todo o produto seja levado sem existir uma devolução para o aproveitamento. Tudo, pelo que se viu na ação, é jogado em cima de um caminhão baú e é desperdiçado na hora - caindo ao léu. 

Abaixo, mais um vídeo - este cedido pela Jana Braga via Facebook - mostrando apreeensões.

Portanto, a Prefeitura de Maceió - através da SEMSCS - deveria fazer uma atuação mais branda (e ampla) para orientar os vendedores que aproveitam a boa temporada também para ganhar um dinheiro extra à noite, no trecho entre Pajuçara e Jatiúca. Absurdo e desaprovado são as maneiras como estão retirando insociavelmente (rude e grosseiro) os trabalhadores que almejam uma renda a mais no final do mês. 

Por fim, criada em 2016, a SEMSCS  possui como principal atribuição "a atuação preventiva e permanente, visando à organização do convívio social a proteção sistêmica dos cidadãos maceioenses e bens, serviços e instalações municipais, bem como, na inibição, pela presença vigilante das infrações penais ou administrativos e atos infracionais, colaborando com a pacificação dos conflitos, respeito aos direitos fundamentais das pessoas e a paz social".

Será? 

Com a resposta, a Prefeitura de Maceió e a Secretaria Municipal de Segurança Comunitária e Convívio Social (SEMSCS). 

Afinal, como disse uma cidadã: "Uma mercadoria de baixíssimo valor comercial, mas de altíssimo valor para aquele cidadão que vive somente daquilo".  

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