A mãe não entende porque o filho morreu antes dela. Dizia a todos que a consolavam: “Isso tá errado. Era ele que deveria me enterrar, afinal, fui eu quem lhe deu vida, sou mais velha e essa história tá sendo escrita de forma errada.”

Seu menino morreu entre a casa e a padaria. Ia comprar pão e uma bala, dita perdida, arrancou-lhe  a vida pela boca.

A mãe me pede sigilo do nome e eu o faço.

Nas Alagoas da pobreza extrema de tantos e muitos anônimos vestidos de povo, e da riqueza compartilhada por uma minoria branca, conservadora, racista e sexista, a vida de meninos na sua grande maioria pobre e preta é tida como quinquilharias baratas.
A extração da vida deles é como uma limpeza étnica narrada como questiúnculas, em cantos de páginas dos jornais.
Os meninos pretos e pobres habitam a periferia das páginas policiais.

Meninos pretos, como este, filho da mãe que agora está órfã das emoções maternas de ninar sua criança no colo.

Vidas pretas importam.

Importam?

#não-ao-genocidio-da-juventude-preta-das-Alagoas-de-Palmares.