Eu nasci de uma forma um tanto inesperada. Minha mãe conheceu meu pai, gostou dele, ficaram e ela terminou engravidando. Em uma única noite.
Fui uma filha sem nenhum planejamento nenhum. Quando minha mãe se descobriu grávida não contou logo para meu pai e nem correu atrás dele para pedir ajuda. Mas, quando soube, quis me registrar. E claro, minha mãe concordou.
Alguns dias depois que nasci, meu pai passou na maternidade e disse que ia me levar para o cartório para fazer o registro e sumiu comigo.
Fiquei um tempo desaparecida. Quando me encontraram eu já tinha quatro meses e estava em um bordel, desnutrida e a beira da morte. Era meu pai quem cuidava de mim, em um quartinho lá nos fundos do bordel. Minha comida era coxinha com ketchup ( deu nos exames).
Minha mãe disse que me procurava de dia e de noite, parecia que sumi do mapa. E quando me encontraram agradeceu a Deus, mas, teve que rezar muito para que eu sobrevivesse. Passei mais quatro meses no hospital entre a vida e a morte.
Mesmo tendo me roubado e quase me matado, minha mãe perdoou meu pai e aprendi a gostar dele e com ele convivi ( bem vigiada pelo olho/cuidado materno), em períodos até sua morte e hoje conto a história que minha mãe me contou.
A história foi contada a blogueira em um quilombo das Alagoas de Palmares, pela adolescente consciente da sua pretitude, de 14 anos,que tinha mãe ao lado. .