Kiara Cabral Giese escreve:
Ontem no desespero da vida, uma mãe com depressão pós parto pulou ao encontro da morte. E junto com ela morreu um pouco de cada uma de nós! Quantas mães ainda terão que encontrar a morte para serem visíveis? Quantas estão sentadas no para-peito dessa mesma 'ponte' com um pé na vida e outra na morte? Quantas têm suas dores ignoradas, diminuídas e incompreendidas por nossa sociedade? Quantas mais teremos que perder para o luto eterno apenas por não nos importarmos? Você que tem em sua rede social uma mulher parida, quantas vezes ligou para perguntar dela, sim DELA e não do bebê. Claro que está todo mundo muito feliz com a chegada do novo ser, mas não tornemos as mães invisíveis. Ao invés de perguntar o bebê está bem? Ele dormiu a noite toda? Ele está mamando bem? - Pergunte: como você está? Está conseguindo dormir? Está conseguindo amamentar? Precisa de AJUDA? Sejamos pilastras de sustentação. O puerpério é muito PUNK quase sempre e precisamos falar sobre ele. Um favor que fazemos a nós mulheres é não romantizar a maternidade, sejamos honestas com nosso time. Não há espaço para 'competição'. Maternar também dói, isso mesmo dói por não poder sermos apenas nós mesmas. Reclamar com filho 'geneticamente' perfeito é proibido, ficar irritada por sono acumulado de sabe-se lá Deus quanto tempo é despreparo, chorar sem motivo aparente é apenas hormonal e não está impecável para o marido/sociedade e pecado mortal. Não, não e não ... vamos confessar e 'avisar' pra todas as mães e mulheres que SIM, você pode chorar porque é humana (acreditem mãe é feita de carne e osso como todo mundo, PASMEM!) e está extremamente cansada sim. Amamentar dói, machuca e muitas vezes 'choramos lágrimas de sangue' no ato. Vai ter dias que você vai amar e 'odiar' aquele mesmo ser, que te rouba de ti mesma. Isso não é pecado, você é uma boa mãe. Além do mantra vai passar, precisamos ser chuvas de amor uma com as outras. A rede de apoio não é luxo, é sanidade mental, se anular e se tornar aos poucos invisível socialmente é ENLOUQUECEDOR. Não precisa apenas ser família, basta ser coração e braços abertos. Eu gostaria de poder ter abraçado essa mãe, assim como tantas outras que caminham ou observam a 'ponte'. Acreditem, um simples abraço vestido de paz pode mudar muita coisa. Então a essa e a tantas outras mães o meu apertado abraço. E partilho com vocês minha empatia, minha sororidade e minha admiração.