O José Augusto da Silva, o “chefe” do Instituto Raízes de Áfricas, apesar dos 30 anos guarda em seu íntimo a essência da criança que nunca se depreendeu da infância.
No domingo comercial dos pais, ele me liga choroso, para falar das saudades do avô, morto faz um ano.
Saudades que atropelam o tempo e se instalam em seu coração.
Na ligação telefônica que se fez conversa-desabafo disse do avô que ao assumir sua criação se fez pai.
Pergunto-lhe pelo pai procriador e ele responde econômico:- Mataram. Faz dezenove anos!
O meu avô me criou desde que eu nasci. Pegou-me bem novinho. É meu pai- diz o moço.
O moçopreto, morador de uma das periferias vulneráveis da grande Maceió, chora a falta do avô, apesar de ter tido pai.
Converso com o moço no dizer que a vida é assim mesmo, passageira e que a emoção de quem fica carece ser transformada em ação.
Ele me conta que foi à igreja logo cedo e pediu ao Padre que rezasse pelo avô,do qual herdou o nome, sua referência paterna na vida.
Reafirmei a necessidade de continuar a caminhada e ele diz: hoje decidi tirar a foto dele do meu quarto para não mais chorar, senão nem eu, nem ele descansamos. Preciso para de chorar e superar a perda, né?- pergunta afirmando
E eu: É!
Ele complementa: Eu sei que ele não morreu, apenas mudou de lugar.