Carla Perdigão, enfermeira, doula partilha no Blog um pouquinho da essência do ser filha do Dr. Carlos Perdigão.
Nascido e criado no bairro do trapiche, Carlos Roberto sempre foi um homem a frente do seu tempo. Filho de dona Nely e do Seu José, o mais velho dos irmãos da Ângela, do Demóstenes e do Zezinho, determinou-se que seria médico para ajudar as pessoas.
Tendo sido reprovado em seu primeiro vestibular, cursou odontologia. Posteriormente entrou para o curso de medicina.
Fez-se médico e cumpriu sua promessa. Preocupado com as causas sociais, cobrava apenas de quem poderia pagar. E poucos podiam.
A família acostumou-se a vê-lo chegar em casa com cabras, galinhas, mudas de planta e estas, tantas vezes, como moedas: Trocava seu serviço por afetos. Desprendido, andava sempre com a mesma calça jeans e utilizava-se de um veículo simples para locomover-se na assistência de tantos.
Sem luxo e sem vaidade, Carlinhos seguia.
Passou a olhar com sensibilidade para a saúde das mulheres, além das que tinha em casa (casado com dona Margarida e pai de 3 filhas). Foi ao Sul do país especializar-se. Encantou-se pela amamentação e trouxe a idéia para o estado. Fundando assim, o primeiro banco de leite humano de Alagoas.
Boêmio, adorava tocar violão e teve suas notas interrompidas por um acidente vascular cerebral aos 39 anos. A falta de visão não impediu os passos do meu pai. A cegueira para ele significou recomeço. Forte. Resiliente. Dr Carlos segue com a mesma alegria e com a mania crônica de sonhar.
Dr. Carlos Perdigão é meu pai.
E meu pai, se tornou pai de inúmeras crianças que até hoje utilizam o banco de leite humano da maternidade Santa Mônica, criado por ele.
Meu pai, Dr. Carlos Perdigão é pai de tantas mães que não conseguem amamentar.
Dr. Carlos Perdigão, um homem que apesar de não ter a visão, enxerga além do tempo.
Hoje é dia dele.
Parabéns, pai!
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