A menina preta tinha 12 anos quando iniciou o namoro com o menino preto, de 15 anos.
Ambos moram na mesma periferia marcada pela arrogância tirana da pobreza, dessas gentes expatriadas.
A periferia fica na grande Maceió, em Alagoas.
A menina aos 12 anos, descolarizada, hormônios em ebulição foi namorar o menino, desestudado.
Aos 12 anos e alguns meses a menina dormiu com o menino, e nove meses depois, quando completou 13 anos, pariu.
Gravidez de alto risco- diziam os médicos.
Maternidade superlativa em ocasos.
Na hora de parir, a menina sofreu feito gente grande e suplicou aos céus, piedade.
O médico, impassível jogou no colo da menina:- Não achou bom fazer, agora agüente!
A menina preta sentiu a dor duas vezes.
O pai de 15 anos se negou a segurar a criança nos braços, alegou que tinha medo de quebrar o bebe.
Havia lágrimas nos olhos assustados do menino-pai, solitário em seu medo enorme dessa responsabilidade não planejada, dessa súbita maturidade.
Pensava por longos silêncios, intercalados por suspiros de assombro.
Bem feito- diziam alguns- Por que não se preveniu?
A avó- mãe da menina- toma remédios controlados e não sabe ainda como replanejar a vida doméstica, a partir dos descontroles juvenis.
O Programa Farmácia Popular foi extinta pelo Governo Federal
E mais uma família preta se forma nas terras das Alagoas de Palmares, moldada a partir da opressão da pobreza que deslocalizam passos para labirintos escuros.
The End?