Elas são quase todas naturais de Alagoas, a terra preta da guerreira  Aqualtune, primeira grande comandante do Quilombo dos Palmares.

Elas também vêm de outros estados, além de Palmares. São baianas, cearenses...

 O presídio Santa Luzia, em Maceió, Alagoas tem entre suas grades um grande percentual de mulheres pretas. Em torno de 89%. É um espaço negro, em permanente movimento.

Muitas delas analfabetas. Muitas delas saídas de espaços vulneráveis e agora viajando pelas entranhas das consequencias do  crime,  dor e da culpa.

O Encontro, que aconteceu dia 25 de jullho, denominado  “Conversa de Bastidores”, idealizado  pelo Instituto Raízes de Áfricas, com o apoio institucional da Secretaria de Estado de Ressocialização e Inclusão Social,  surgiu como uma das demandas propostas pelas presas, durante a 1ª Conferência Livre da Saúde das Mulheres Encarceradas e a Conferência Livre de Promoção de Políticas da Igualdade Racial, ação inédita do gênero no país, ocorrida dia 21 de junho, no Presídio Santa Luzia, em Maceió,AL.

A ação do Conversas  foi gestada como diálogo direto com as mulheres privadas de liberdade .

Um diálogo que ao mesmo tempo em que impulsiona a  auto-reflexão  serve de acolhimento , afirmação de identidades em conflito e reafirmação  dos espaços de direitos das mulheres encarceradas..

- Um alento. Um suspiro- como definiu uma das mulheres.

O “Conversa de Bastidores” foi pensado para que as mulheres assumissem o protagonismo, e assim foi.

Duas encarceradas desempenharam com desenvoltura o papel de mestras de cerimônia, três sentaram à mesa de abertura e outras 15 outras apresentaram um jogral, com o poema “Retalhos de Palavras”. Poema esse escrito a muitas mãos. Por elas.

O “Conversa de Bastidores” gerou  um enorme contingente de possibilidades de transformação.

Na  Oficina de Escrevinhação: “Carta para a Mulher que existe em Mim”, coordenada por Carla Perdigão e participação de José Augusto, Stephany Mayara e Willames,  muitas mulheres se definiram a partir da  fé e da resistência de continuar caminhando com foco na mudança para  outras vidas:- "Eu sou uma mulher renovada, cheia de sonhos para poder viver. Quero  poder voar, não tenho mais pensamentos inúteis e nada mais me enfraquece. Antes eu era uma “inocente”. Queria viver contos de fadas, mas, depois disso que estou vivendo...Eu não quero só minha liberdade de corpo. Quero ser livre, principalmente, na   minha da mente.”

Sobre o Dia Nacional da Mulher Negra.

O Brasil celebra, nesta segunda-feira (25), o Dia Nacional da Mulher Negra. A data foi instituída pela Lei nº 12.987/2014, inspirada no Dia da Mulher Afro-Latina-Americana e Caribenha, criado, em julho de 1992, como um marco internacional da luta e resistência da mulher negra no mundo. Essa data também é o Dia Nacional de Tereza de Benguela, líder quilombola que viveu no atual Estado de Mato Grosso durante o século XVIII.