É domingo, 30 de julho, e estamos na III Marcha das Mulheres Negras, em Copacabana, no Rio de Janeiro, como parte da viagem missão, da delegação de Alagoas,com o objetivo de vivenciar "in loco" experiência da reconhecimento da rota,territórios, resistência e as invenções/transformações realizadas graças a intervenção e trabalho de ativistas e pesquisador@s.
Há um sol escaldante ( apesar do termômetro indicar, só, 25º graus) e uma multidão de pret@s ocupa espaços, demarca terreno, no bairro, dito nobre.
Estávamos por ali, observando e matutando sobre os territórios urbanos e o padrão das suas gentes,quando o cabra se aproxima, cordato, simpático, com um enorme sorriso de amistosidade nos lábios.
O cabra se aproxima e faz a intervenção:- Que caminhada é essa? É contra o Crivella?
-Não, respondo. É contra o racismo, machismo e opressão que sofrem as mulheres negras, no Brasil.
E o cabra, olha para mim, meio que surpreso e exclama, incomodado:- Mas,não existe racismo, no Rio de Janeiro!
Pergunto-lhe de qual sua região de morada no Rio. E me afirma ser de tal região. E Luciana Mello, da Incubadora Afro Brasileira, ao meu lado, que conhece o Rio, afirma ser uma das regiões mais abastadas e elitizada.
Ficamos conversando com Antonio buscando embaralhar as certezas dele, mas,o mundo do simpático Antonio tem argumentações fundamentadas em cartilhas próprias, e é muito dificil descontruí-las.
Perguntei se podia tirar um foto dele e prontamente fez a pose.
E após mais uns tantos de palavras, foi-se, embora o simpático Antonio, mastigando entre os dentes:
-Se, ainda fosse contra o Crivella, mas,não é. Não exIste racismo no Rio de Janeiro!
E o tal do racismo amigável, como nos fala o carioca Marcos Romão.
Tirei a foto, mas, não vou postá-la. Por quê?
Depoois te conto.