O município de Rio Largo abriu as discussões, na manhã desta quarta-feira (29), para a criação de um comitê de bacia para os rios Mundaú e Paraíba do Meio, que se encontram em situação degradante e provocando a escassez de água  nos municípios que compõem a bacia hidrográfica. O evento, intitulado “Em Defesa das águas dos rios Mundaú e Paraíba do Meio”, contou com a presença do prefeito de Rio Largo, Gilberto Gonçalves, vereadores do município, representantes de Viçosa, União dos Palmares, Chã Preta e Quebrangulo, além de ambientalistas, professores e estudantes do Centro de Ciências Agrárias da Ufal, local onde aconteceram as discussões.   

O prefeito Gilberto Gonçalves colocou o município à disposição e falou do total apoio e comprometimento com os setores menos favorecidos.  “Esse é um momento ímpar para a história de Rio Largo, onde estamos com uma preocupação constante, em função do assoreamento do Rio Mundaú, que está morrendo. Precisamos reabilita-lo.  Estamos liderando esse movimento porque recebemos toda a carga de poluentes, já que estamos localizados no baixo mundaú. Por conta disso, temos que adotar providências para reverter esse quadro de desolação vivenciada hoje na bacia do Mundaú”.

O secretário do Meio Ambiente de Rio Largo, Marcelo Ribeiro, considerou o encontro como fundamental para que os municípios conheçam a situação com números e dados concretos e, com isso, seja fortalecido um movimento pró-criação do comitê hidrográfico Mundaú/Paraíba do Meio. “Esperamos a adesão de todos os municípios, sociedade civil, academias, estudantes e movimentos sociais, no sentido de obrigar a Agência Nacional de Águas a criar esse comitê”, conclamou.

O evento contou com as palestras do presidente do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco, Anivaldo Miranda, e do professor da Ufal Valmir Pedrosa. Anivaldo explicou a importância da criação do comitê e disse que, apesar de a criação já se arrastar há quase 20 anos, enquanto o comitê não existir não vai haver uma gestão racional da água. “Ou a bacia do Mundaú e Paraíba acorda, através de sua população ribeirinha, ou em uma ou duas décadas esses dois rios estarão completamente mortos. Vejo o comitê como a grande e única alternativa para que, de fato, implementem a gestão de recursos hídricos”, considera.

Já o professor Valmir Pedrosa falou da crise hídrica que assola todo o país. Ele também  mas se deteve à crise nos rios Mundaú e Paraíba, mostrando o que é possível fazer diante da crise gigante que assola a região. Ele defende acordos imediatos com os usuários de água para a redução do consumo e que a sobra seja dividida entre os municípios da bacia. “Devem ser feitas ações a pequeno, médio e longo prazos, de forma integrada, a exemplo do reflorestamento das matas, redução das irrigações, tratamento dos efluentes das cidades, organização das outorgas e investimento em algumas obras hídricas para melhorar o acúmulo de água”, finalizou.