O show de horrores patrocinado por nossos deputados federais, salvo raríssimas exceções, no domingo dia 17/04/2016, deixou o país perplexo e se não fosse a verve criativa e extrovertida do brasileiro, acredito que estaríamos agora pensando em como devolver tudo isso aos nossos "colonizadores". Não comento aqui o resultado, pois este pode ser explorado sob diversos ângulos, matizes e perspectivas se formos buscar uma racionalidade em seu conteúdo jurídico-político que envolve um processo de impeachment.
Fica aqui o comentário acerca da vergonhosa e continuada sessão de descalabros urdida na Casa Legislativa Federal. A imprensa internacional, de forma unânime, relatou perplexa aquilo que nossos olhos e ouvidos, principalmente, custavam a acreditar estar vendo e ouvindo.
O início do escárnio foi ver um senhor sem qualquer idoneidade moral ou envergadura ética comandar, impávido e colosso, o circo da cadeira da Presidência da Câmara dos Deputados. Depois disso, fomos constatando, minuto a minuto, que precisamos olhar com mais carinho para nossos votos quando se tratar do Poder Legislativo como um todo, pois quero crer que há uma cautela maior na escolha quando se trata, por exemplo, do Poder Executivo de forma geral: prefeitos, governadores e presidentes.
Foi um tal de "pela minha família, pelo meu netinho Bruno, pela minha cadela Clotilde, por Deus" e tantas outras fundamentações estapafúrdias que chegou uma hora que não importava mais o resultado, mas saber quem ia se superar nas idiotices e tolices que eram tratadas de forma litúrgica pelo insuspeito Eduardo Cunha.
Corruptos de toda sorte e ordem se revezavam nos discursos meteóricos da canalhice, mostrando aquilo que já sabíamos, mas que a realidade foi mais dura do que pensávamos. Além de desonestos, os nossos deputados federais, salvo, como já retratei, raríssimas exceções, são intelectualmente medíocres.E falo isso "pelo meu pai, pela minha mãe, pelos meus filhos, pelos meus alunos, pela minha cachorra Arthemis, pelos orixás, pelas plantinhas do universo e pela receita do quindim que acabo de receber das mãos de uma cozinheira amiga". (risos incontidos)
Da exaltação a um torturador, ao beijo esquecido mandado ao filho tardiamente, acredito que o cúmulo da hipocrisia e o "OSCAR" de deputado cara de pau , ficou com a cristã Raquel Muniz (PSC), cujo marido é prefeito de Montes Claros/MG. Ao anunciar de forma frenética e orgásmica "SIM, SIM, SIM" e ao bradar que aquela sua euforia era pelo fim da corrupção, não sabia ela que seus desejos mais "inocentes" seriam atendidos.
Não sei qual o canal que ela tem com o divino, mas no dia seguinte, Deus atende às preces e ao convulsionismo eufórico dela, pois a faxina começou pelo próprio honestíssimo cônjuge-varão. A PF prende o sujeito por corrupção ao fraudar as verbas públicas de um hospital da cidade sob seu comando.
Sobre os erros grosseiros e o assassinato triplamente qualificado do nosso vernáculo não ousarei comentar. Seria um escárnio e uma afronta aos meus amigos professores de Língua Portuguesa.
Envergonhado e entristecido olhei para meus diplomas de graduação, mestrado, doutorado e PhD, olhei para os livros que escrevi sobre as normas jurídicas brasileiras, olhei para todas as resenhas de aulas dadas e das minhas peças jurídicas baseadas nas leis do meu país ao longo destes 25 anos de carreira e chorei profundamente.
E me perguntei por inúmeras vezes.
SÃO ELES MESMOS QUE FAZEM ESSAS LEIS?
De repente um sobressalto de alegria me invade e enxuga as lágrimas de dor. Não, não podem ser esses dementes. Eles não conseguiriam escrever uma portaria de condomínio sem saber exato a noção do que estão fazendo.
Então, quem seriam os reais legisladores deste país?
E aliviado dei um viva a eles: OS ASSESSORES PARLAMENTARES! Nossos salvadores da pátria e verdadeiros heróis da nação.
Pelo meu pai, pela minha mãe, pelos meus amigos, pelos meus alunos, pelos meus cabelos brancos, pelos meus filhos, pelos meus cachorros, pela luz divina que "mialumia", pela salvação do planeta terra e pela PAZ MUNDIAL eu digo SIMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMM aos assessores parlamentares!