Pacientes e funcionários em perigo. Essa tem sido a realidade de dezenas de unidades de saúde em Maceió, diante da fragilidade na segurança dos postos e hospitais com vigilância reduzida por conta da crise econômica. Os relatos de profissionais agredidos têm sido constantes, além da queixa de roubos e furtos de equipamentos que resultam na oneração da manutenção do serviço públicos.
Entre os registros, está a lembrança da tentativa de assalto ao Hospital de Doenças Tropicais Hélvio Auto (HDT), no bairro Trapiche, quando três assaltantes invadiram o prédio para tomar a arma do vigilante. Era uma manhã comum de atendimento, mas a ação de três bandidos deixou um vigilante e um acompanhante de paciente feridos.
O vigilante do prédio, José Moacir, foi rendido e acabou reagindo, trocando tiros com os assaltantes e sendo baleado no ombro. “Eles chegaram pra mim dizendo: ‘perdeu, perdeu, passe a arma’. Reagi e troquei tiros. Não me arrependo e na hora só pensei nos pacientes que estavam ali”, lembrou o vigilante do HDT, na época.
O maior risco tem sido relatado por populares frequentadores de postos de saúde na periferia. Alguns casos são registrados por pacientes que chegam à unidade em busca de atendimento e, devido à demora do atendimento, acabam quebrando algum patrimônio das unidades, como em recente caso na Maternidade Santa Mônica.
“Nós precisamos do posto, mas sabemos que nem aqui é seguro. Venho sempre acompanhada de alguém quando preciso de uma consulta. Infelizmente não existe mais respeito pelas pessoas, pois quem está aqui já tá doente e não tem como se defender”, disse uma usuária do Centro de Saúde da Levada, que preferiu não identificar.
Quem aguarda nas filas por um atendimento, pouco quer falar sobre o assunto, já que o interesse maior é conseguir uma avaliação médica, no entanto não escondem a insatisfação com a dimensão dos riscos.
A situação é preocupante também para os profissionais que fazem a segurança. O Sindicato dos Vigilantes em Alagoas (Sindvigilante) alerta que a segurança especializada foi reduzida em mais de 50% com a redução de gastos. Em unidades, onde antes trabalhavam dois ou quatro vigilantes, apenas um faz a segurança.
Apesar do episódio ocorrido no Hospital Hélvio Auto, durante a visita da reportagem do CadaMinuto Press, foi constatado que não houve reforço e apenas dois vigilantes estavam no local. José Ferreira, presidente do Sindvigilante lamenta a situação e afirma que o cenário atual impõe uma fragilidade nas unidades.
"Nós já sentamos para conversar com o Estado e também com o município para tratar sobre essa situação, mas o que estamos vendo são enfermeiros sendo agredidos fisicamente, e até mesmo os nossos vigilantes. É uma questão que está muito exporta e precisa de uma atitude", disse Ferreira.
O Sindivigilante ressalta que devido ao pouco efetivo de profissionais nesses locais, os vigilantes desempenham outras funções. "Hoje nós temos vigilantes distribuindo ficha, realizando trabalho de maqueiros e até mesmo servindo como manobrista. Isso retira atenção dele, que é para garantir a segurança de todos que estão naquele local", colocou ele.
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