Para justificar a superlotação do Cemitério Divina Pastora, o superintendente Municipal de Controle e Convívio Urbano, Reinaldo Braga, afirmou que há um colapso no local e que o problema se arrasta há mais de 40 anos. O gestor participa de uma reunião nesta quarta-feira, 20, com representantes do Instituto Médico Legal (IML) e do Ministério Público Estadual (MPE).

A audiência, que ocorre no prédio das Promotorias de Justiça da Capital, no Barro Duro, acontece um dia depois da inspeção realizada pelo promotor Flávio Costa no cemitério, quando a superlotação foi constatada com corpos enterrados uns sobre os outros, em covas rasas, e ossadas expostas na superfície.

Reinaldo Braga disse que a SMCCU não tem dados precisos sobre a quantidade de corpos enterrados no Divina Pastora e alegou que, além de ser o único cemitério destinado a indigentes da capital, lá são recebidos também corpos do interior do Estado, o que complica ainda mais a situação.

“Faz tempo que temos tentado o reordenamento, mas é difícil porque é o único cemitério de Maceió com essa característica. A primeira opção seria criar outros com o mesmo perfil, mas a prefeitura não tem condições financeiras e, ainda que tivesse, a construção de um novo cemitério envolve pontos como concessão de licença ambiental e demanda um prazo longo, de aproximadamente três anos”, explicou o superintendente, reforçando que, em conjunto com o MPE e o IML, a SMCCU vai buscar soluções para o problema.

Inviável

Antes do início da reunião, que aconteceu a portas fechadas, o diretor do Instituto Médico Legal (IML) de Maceió, Fernando Marcelo, também conversou com a imprensa. Ele disse que a superlotação de corpos no instituto deve continuar pelo menos até a mudança da sede para outro prédio.

Segundo o diretor, há pelo menos 12 corpos excedentes no IML aguardando vagas para sepultamento nos cemitérios públicos. “Conseguimos 15 vagas no cemitério Pio XII, em Arapiraca, devido a uma intermediação entre o governo do Estado e a prefeitura municipal, mas, como o problema é permanente, tivemos que recorrer ao Ministério Público em busca de soluções, porque está inviável ficar com esses corpos no Instituto”.

O promotor Flávio Costa afirmou que o MPE está buscando uma conciliação entre os órgãos envolvidos, mas as propostas têm que partir do Município. “Três medidas precisam ser tomadas, a primeira de urgência, para conseguir enterrar os corpos, a segunda em médio prazo, como a construção de ossários, por exemplo, e a terceira, em longo prazo, por meio da construção de outro cemitério”, concluiu.

As denúncias sobre as condições do Divina Pastora foram levadas ao Ministério Público pela direção do IML. No material entregue ao promotor Flávio Costa, constavam fotos mostrando corpos em decomposição sendo devorados por urubus.