A artesã Rosiene da Silva Ramos, conhecida com Ene, com toda paciência do mundo, borda o ponto jasmim, um dos mais tradicionais do filé. A alagoana tem uma história que se repete há séculos entre as mulheres no bairro do Pontal da Barra. Ela aprendeu arte do filé ainda menina com sua mãe. “Quando minha levantava para ir à cozinha, eu corria, pegava agulha e bordava. Se tivesse certo ela ficava calada”, lembra.

Ene é artesã desde os 13 anos. Ela está entre as 50 mulheres que bordaram a nova coleção do alto verão do filé da marca brasileira Cantão. São sapatos, bolsas e roupas que, desde 2013, vem conquistando o mercado da moda. “São três meses de correria, mas vale, além do dinheiro extra, a gente se valoriza. Ver o nosso trabalho nas lojas é muito bonito”, diz Ene, que na alta temporada do turismo, chega a fazer R$ 1.500,00.

A secretária de Promoção do Turismo de Maceió, Cláudia Pessôa, já foi conferir a nossa coleção da marca brasileira que apostou no filé, bordado tipicamente alagoano. Segundo a gestora, em todas as feiras e eventos de turismo a equipe da secretaria veste roupas de filé e também tem folhetos do bairro do Pontal da Barra para divulgar o roteiro do típico artesanato alagoano.

“As estilistas do Cantão estão de parabéns. Além da beleza estética da nova coleção, o trabalho da marca brasileira tem o viés da sustentabilidade. A Prefeitura de Maceió desde 2013 vem apoiando com logística para que as estilistas do Cantão, porque gera nova renda para as artesãs e a promoção da cidade através da moda com identidade cultural. Vale destacar o trabalho do Sebrae para conquistar o selo de Identidade Geográfica, que cada vez mais aprimora a tradição do filé, que é nosso. O sucesso é de todos, mas a visão empreendedora dos franqueados de Maceió, Luciana e Maurício Gonçalves foi essencial para o reconhecimento do bordado pelo mundo da moda”, enfatizou  a secretária.

A novidade deste ano é que as estilistas da marca brasileira também criaram carteiras com a palha de taboa das artesãs da cidade de Feliz Deserto. Para a Gerente da Unidade de Turismo e Economia Criativa na empresa Sebrae Alagoas, Vanessa Fagá, o sucesso do alto verão do Cantão em 2014 fez com que a marca retornasse a Maceió já com a nova coleção de 2015 e eles ampliaram o leque para as artesãs de Feliz Deserto.

“O Sebrae está muito orgulhoso do sucesso das nossas artesãs do Instituto Bordado Filé que, pela segunda vez, é moda do verão do Cantão. O filé é nosso patrimônio imaterial aprovado pelo Conselho de Cultura, e mais uma vez estar nas vitrines é um ganho importante para o mercado nacional. Este resultado é fruto dessas mulheres guerreiras, em especial Cristina Moreira e Givanilda Lisboa por tanta dedicação e parceria com a Prefeitura de Maceió, através da secretária Cláudia Pessôa. É uma vitória da Economia criativa”, reforçou Vanessa.

História

O sucesso da primeira coleção da marca brasileira com bordado alagoano superou em 400% a aposta da equipe. A informação foi divulgada na segunda visita da empresa pelas estilistas Georgia Buckley e Fernanda Motta durante reunião do Sebrae com as artesãs e parceiros.

O bordado filé está no processo para ganhar o registro de Indicação Geográfica (IG). Este selo é conferido a produtos ou serviços que são característicos do seu local de origem, o que lhes atribui reputação, valor intrínseco e identidade própria, além de os distinguir em relação aos seus similares disponíveis no mercado.

O Instituto Nacional de Propriedade Industrial – INPI é a instituição que concede o registro e emite o certificado. No Brasil, o Vale dos Vinhetos tem o selo do IG, e a renda Irlandesa de Sergipe também segue o mesmo caminho para o registro.

Segundo o Sebrae, a previsão é de fevereiro de 2015, o filé conquiste o IG. Para nova coleção do Verão do Cantão foram envolvidas 50 artesãos de Maceió, Marechal Deodoro e Coqueiro Seco.