(Atualizada às 8h55 de segunda-feira, 22)
A ausência do candidato à reeleição Fernando Collor (PTB) no debate entre candidatos ao Senado não amenizou o clima de guerra esperado para a tarde deste sábado (20) nos estúdios da TV Pajuçara. Houve xingamentos, ameaça e até suposta tentativa de agressão dentro do estúdio. Além, disso, Collor foi acusado por Heloísa Helena (PSOL) de ter seu nome envolvido em um caso de estupro de criança seguido de morte, juntamente com o ex-senador fluminense Luiz Estevão.
O estopim para a confusão foi aceso logo no primeiro bloco do debate, quando o candidato Elias Barros (PTC) provocou Heloísa, ao afirmar que o ex-senador Luiz Estevão teria lhe mandado um abraço.
Em seguida, no primeiro intervalo do debate, o irmão da candidata, Hélio Moraes, escalado para orientá-la, agrediu verbal e fisicamente Elias Barros, e o ameaçou depois de dar um tapa no ombro direito. Testemunhas disseram ao blog ter sido uma agressão leve e de raspão, outras disseram não ter havido nada além de ameaça e xingamento.
Os seguranças retiraram Hélio do estúdio e, em seguida, o convidaram a deixar o prédio da emissora da Rede Record de Alagoas.
Mas o pior ainda estava por vir, quando Heloísa utilizou o direito de resposta conquistado não apenas explicar o motivo da insinuação de Elias Barros, mas também para fazer uma acusação grave contra Collor e sugerir que seria alvo de “candidato laranja”.
“Todas as vezes que as pessoas falam de Luiz Estevão é porque comentavam, em Brasília, que eu tinha um caso com o farsante. Eu não podia ter um caso com Luiz Estevão, até porque também se comentava em Brasília que ele e o playboy Collor de Mello eram envolvidos no assassinato e estupro de Ana Lídia. Por isso que eu não podia ter um caso com ele. Agora o problema é o seguinte, quando uma mulher tem coragem... E eu quero dizer ao Collor: ‘Não ouse pensar que eu tenho medo de você! Pode sangrar animais no altar de Satanás, eu não tenho medo de você nem de laranja...’”, disparou Heloísa, que já havia repudiado a decisão de Collor não debater, atitude considerada covarde por ela e pelo candidato Omar Coelho (DEM).
Veja as declarações de Heloísa:
O blog tentou obter alguma declaração de Collor e de Luiz Estevão sobre o caso Ana Lídia, tratado em Brasília como um símbolo da impunidade local. Mas a assessoria de Collor informou que não conseguiu declarações do candidato porque ele estava em atividades de campanha, no interior.
Na enciclopedia virtual Wikipedia, o nome de Collor aparece entre filhos de políticos aos quais chegou-se a atribuir participação no crime, há 41 anos. O texto sobre o caso afirma que não há evidência de que Collor esteja envolvido no crime. Mas afirma que o caso do sequestro e morte da menina de sete anos de idade foi abafado pela Ditadura Militar.
O blog também não conseguiu contato com o ex-senador, depois de procurar localizá-lo junto a colegas de imprensa do Sudeste e do Distrito Federal, que sugeriram contato com as empresas de Luiz Estevão, do Grupo Ok, com o qual o repórter tentou contato por meio dos seus números obtidos em pesquisas na internet.
Embate seguiu
Elias Barros ainda tentou obter direito de resposta por conta da suposta agressão sofrida. “Quero um direito de resposta, porque o irmão da candidata Heloísa Helena me agrediu aqui dentro do estúdio. E estou aguardando esse direito de resposta”, protestou Elias, ao comentar pergunta feita a Omar Coelho.
Heloísa voltou a comentar outra provocação feita por Elias Barros, ao responder à insinuação de Elias Barros, de que ela estaria fazendo “alianças espúrias” para conquista a vitória nas urnas. “Muita gente está me apoiando porque quer sambar na cara de Satanás e derrotar Fernando Collor”, disse a ex-senador.
Mas voltou a responder diretamente a Elias, quando foi questionada sobre “suas alianças” com o PSDB, com o presidente da Assembleia Fernando Toledo e com os usineiros. Heloísa se dirigiu aos eleitores para explicar porque exagera e altera a voz ao reagir a injustiças.
“A injustiça me abala profundamente. Quando vejo uma mãe de família jogada no chão sujo de um hospital, me abalo profundamente, como se minha mãe fosse. As pessoas sabem concretamente o que é melhor para Alagoas. Não tenho aliança com setor nenhum. Eu não sei como é que as pessoas mentem tanto de forma tão desavergonhada. Tem gente que não quer votar o Collor porque na campanha eleitoral de prefeitura ele esculhambava, chamando de prostituta as mães e esposas dos candidatos. Mantenho tudo o que eu já disse a respeito dos setores de Alagoas. Quem me apoia sabe que meus princípios éticos e ideológicos são invioláveis e inegociáveis”, respondeu Heloísa.
Durante o debate, Elias Barros levou até as considerações finais, a cada fala, os protestos contra a suposta agressão sofrida. Após o debate, o blog telefonou para Elias Barros e ouviu sua versão para o ocorrido, que o leitor pode ler clicando aqui.
O Blog do Bernardino publicou que Heloísa afirmou que a atitude de seu irmão foi tomada diante de uma agressão à sua moral, por ter sido comparada a uma prostituta: “Qual o irmão que vê a irmã sendo agredida moralmente e não reage? Eu e meu irmão somos de uma família humilde, mas muito unida. Meu pai morreu quando eu tinha 2 meses de vida e meu irmão mais velho foi assassinado. Eu e Hélio somos muito amigos, nos protegemos, um cuida do outro”, disse Heloísa.
“Enfraquecimento da democracia”
Além de ser criticado pelos candidatos por causa de sua ausência ao debate pré-agendado, Collor também foi repudiado pela jornalista Lenilda Luna, que dedicou uma de suas perguntas ao candidato ausente. A repórter TV Pajuçara citou um ‘tuíte’ da telespectadora e professora da rede estadual Sílvia Palmeira e concordou com a se “um candidato que foge de um debate, enfraquece a democracia”.
“Funciona ainda essa estratégia da coordenação de campanha de blindar o candidato que está à frente das pesquisas e colocá-lo, assim, em uma posição confortável de não responder aos questionamentos dos pares e do público, em um importante momento de debate, já que o eleitor pode mudar de posição até o último momento?”, perguntou a jornalista Lenilda Luna.
Hélio nega a agressão
"Elias Barros além de ser 'laranja' mal pago e mal amado do farsante collorido, não passa de um mentiroso! Se eu tivesse efetuado uma agressão nesse 'moleque de recado' ele não teria terminado o debate em pé! Nem toquei nesse esterco!", disse o irmão de Heloísa Helena.
Leia mais sobre a reação de Collor às declarações de Heloísa Helena clicando aqui.