"Dilma apoia a criminalização da homofobia. Vamos combina(sic):Os gays votam em Dilma, e o restante vota em Everaldo, Aecio, Levy, e Marina" tuitou Silas Malafaia. Para além dos erros grosseiros com a língua portuguesa em emprego do verbo no infinitivo e a dificuldade em saber usar corretamente a pontuação, o mencionado autor da referida frase se mostrou preocupado de forma preconceituosa com a sexualidade alheia. E foi mais. Dividiu o mundinho dele (desculpem usar o dimininutivo, mas tenho dificuldades em respeitar determinadas pessoas que não respeitam o ser humano em sua plenitude) em gays e não gays. E vaticinou com uma conclusão mais estapafúrdia do que a sua própria mente doentia: todo mundo que vota em Dilma é gay. Quem não vota não é.
Resisti até a última hora parar todos os afazeres do meu dia para rascunhar o pensamento que ora transcrevo. Primeiro porque achei que o mencionado senhor não merecia tanto ibope pela mentalidade tacanha e imbecil. Segundo porque acho que estamos dando mais atenção a uma questão de foro estritamente pessoal em uma campanha presidencial como se isso fosse problema e gerenciamento de plano de governo.
Mas foi mais forte do que eu. Tenho problemas em ler coisas imbecis e me calar. Não consigo suportar a idiotice calado.
Então vamos lá.
A questão do casamento civil ou a união civil de pessoas do mesmo sexo de há muito já foi superada de maneira séria e plena pelo Supremo Tribunal Federal em uma interpretação moderna do artigo 225 da Constituição Federal.
Logo, se posicionar contra ou a favor a união de pessoas do mesmo sexo é inútil, ao menos do ponto de vista jurídico. Querer trazer a religião para um tema onde o que importa é a relação humana entre pessoas que irão conviver sob o mesmo teto, para, tão somente, impedir que isto aconteça, é mesquinho demais. Abomino religiões sectárias e impiedosas. Abomino seitas que coloca grilhões morais e vestais para se mostrarem puras quando seus integrantes são pessoas repugnates sob o ponto de vista humanitário.
E vou mais. Uma candidata que se curva a tão mesquinharia não merece a confiança de uma nação plural e complexa como a brasileira de onde pululam desejos de todos os prismas e cores.
Acredito que a palavra que faltou ao referido senhor, analfabeto da língua portuguesa e preconceituoso do ponto de vista da relação humana, foi uma coisa só: RESPEITO!
E talvez este blogue hoje tenha sido utilizado por mim para pedir a ele e aos demais que possam pensar de forma igual e mesquinha que respeitem a diferença. Sou heterossexual, respeito os homossexuais, sou ateu, respeito todos os religiosos, sou de esquerda, respeito os da direita, sou homem, respeito as mulheres e assim por diante.
Opção sexual é direito como qualquer outro e devemos respeitar cada um dentro de suas escolhas e liberdades individuais.
A isto o Estado não deve, em absoluto, interferir, a não ser para propagar que se respeitem a todos de maneira plúrima e indistinta.
E para que ele e os demais saibam. Sou Dilma, mas não sou gay, e se fosse não aceitaria ser pautado por um cidadão que fala a palavra de Deus e dissemina a discriminação e o ódio.
Ao senhor Silas Malafaia o meu repúdio, e o meu singelo desagravo a todos que de uma forma ou de outra se sentiram no século XV com um posicionamento medíocre e imbecil como o dele.