No segundo semestre, o assassinato do vereador de Anadia, Luiz Ferreira de Souza (PPS), completará três anos. O crime ocorreu em 03 de setembro de 2011, no povoado da Tapera, próximo ao município anadiense. O blog teve acesso ao material enviado pela família do vereador que aguarda com bastante tristeza o julgamento do caso. Os parentes ainda temem que o caso caia no esquecimento.

Luiz Ferreira foi assassinado com 13 tiros quando retornava a sua cidade, após apresentar um programa de rádio na cidade de Maribondo, onde apresenta um programa de saúde aos sábados. Ferreira havia anunciado no programa que seria candidato à Prefeitura de Anadia, nas eleições municipais de 2012, e criticou a gestão da ex-prefeita da cidade, Sânia Tereza.

À época, o inquérito policial, feito por três delegados, apresentou provas de que se tratou de um crime com motivação política e acusou como mandante a então prefeita Sânia Tereza Barros e mais seis pessoas, denunciadas pelo Ministério Público Estadual (MPE) como autores materiais e intelectuais do crime. A ex-prefeita luta incansavelmente pela liberdade.

Segundo o que informou os familiares de Luiz Ferreira ao blog, os advogados de Sânia Tereza aguardam que a Câmara Criminal do Tribunal de Justiça de Alagoas (TJ/AL) acolha os argumentos apresentados por eles e, dessa forma, conceda a liberdade à ré.

Atualmente, ela é monitorada eletronicamente por uma tornozeleira e não pode se afastar dos limites do condomínio em que reside, no bairro de Jacarecica, saindo apenas para prestar esclarecimentos à Vara de Execuções Penais. Enquanto esteve presa no Presídio Santa Luzia, a ex-prefeita apresentou problemas psiquiátricos o que contribuiu para justiça conceder a medida cautelar.

Consequências

A família do vereador assassinado não tem dúvidas de que Sânia Tereza e o marido são os responsáveis pelo assassinato. O cunhado de Luiz Ferreira, o advogado João Sapucaia, revela que a família espera que as autoridades coloquem os réus no Tribunal do Júri. O maior receio dos familiares é que, com os diversos recursos, o assassinato de Luiz Ferreira fique impune ou seja esquecido.

“Com tanta demora, resta trancar o coração e esperar que um dia se faça justiça. Luiz Ferreira era um homem de bem, que não tinha tempo nem para pensar em fazer o mal. É importante que a sociedade de Alagoas tenha em mente que a ex-prefeita e os demais são os responsáveis pelo crime. A viúva dele ainda sofre. É uma dor sem tamanho, que com o tempo só cresce. Há quase três anos aguardamos o julgamento desse caso. É preciso, mais do que nunca, que a justiça seja feita”, ressaltou o cunhado.

Após o crime, familiares de Luiz Ferreira venderam a casa que ele possui há vários anos no centro da cidade de Anadia. “Nós não conseguíamos sequer entrar na casa. Sempre foi uma dor sem tamanho ir a Anadia e ter essa lembrança. Então, decidimos colocar à venda”, disse João Sapucaia.

A viúva do parlamentar e professora universitária, Rita Luiza de Pércia Namé, revelou ter receio de que os responsáveis pelo crime fiquem soltos, gozando da liberdade. Rita Namé diz ter certeza da participação de Sânia e dos demais acusados e, por isso, clama tanto por justiça.

Além de responder pelo assassinato de Luiz Ferreira, a ex-prefeita também é acusada de improbidade administrativa e corrupção em 11 órgãos federais e estaduais. À época do crime, ela foi, inclusive, investigada por ter comprado merenda escolar e combustível sem licitação. Os valores questionados pela Câmara de Vereadores são na ordem de R$ 7 milhões.

Defesa

O advogado e primo da ex-prefeita, Raimundo Palmeira, defende a tese de que sua cliente é vítima de um processo político que teria o interesse de prejudicá-la. Ele aponta como exemplo da ‘trama política’ a ausência do que considera como elementos concretos.

Diante disso, Palmeira promete buscar a soltura de sua cliente, alegando, nos diversos recursos apresentados à Justiça, que ela vem passando por problemas de saúde. “Não há nada que ligue a ex-prefeita ao crime. As investigações da polícia não vislumbraram outros suspeitos. Apenas uma linha de investigação foi seguida pelos delegados”, colocou o advogado. 

Liberdade

Em novembro de 2012, Sânia Tereza deixou o presídio Santa Luzia após ficar detida por mais de um ano. Ela saiu do sistema prisional depois de passar no setor de monitoramento onde foi colocada uma tornozeleira eletrônica. O juiz da Comarca de Anadia, Helestron Costa, havia revogado a prisão preventiva de Sânia Tereza, apontando que ela deveria ficar presa em sua residência, saindo apenas para prestar esclarecimentos à Vara de Execuções Penais. Os argumentos utilizados para que o juiz modificasse o tipo de prisão da ex-prefeita de Anadia foram os problemas de saúde recorrentes e a síndrome do pânico que Sânia adquiriu depois de ser trancada em uma cela.

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