Primeiro secretário da Defesa Social do governo de Teotonio Vilela Filho (PSDB), o general Edson Sá Rocha teve seu nome envolvido em um caso emblemático que contraria qualquer compromisso com a segurança pública, atributo indispensável a quem já se propôs a defender a população alagoana. De acordo com reportagem publicada ontem pelo jornal O Globo, o Ministério Público Federal (MPF) no Rio de Janeiro incluiu Sá Rocha entre seis denunciados por envolvimento na explosão de uma bomba, em 30 de abril de 1981, no estacionamento do centro de convenções Riocentro, quando no seu interior estavam 20 mil pessoas em show comemorativo ao Dia do Trabalho.

O MPF convocou coletiva para o início desta tarde, no Rio de Janeiro, para explicar o envolvimento de cada um dos seis acusados na investigação conhecida como Caso Riocentro. O atentado é um dos casos históricos de impunidade no País, e vitimou fatalmente o sargento Guilherme Pereira do Rosário, do serviço de repressão política do 1º Exército, cuja bomba explodiu em seu colo, dentro de um veículo.

De acordo com O Globo, Sá Rocha é um dos nomes que nunca haviam surgido antes na relação de suspeitos. O general reformado e ex-titular da Defesa Social de Alagoas era chefe da Seção de Operações do DOI em 1981. E segundo o matutino carioca, o MPF o denuncia por ter atuado no núcleo de planejamento da suposta quadrilha. O ex-titular da Defesa Social, que Vilela diz ter sido indicado pelo presidente Lula, “é acusado de ter defendido, um ano antes, um plano de explosão de bombas em outra edição do show do Riocentro”.

O caso envolve mais outras cinco pessoas que eram agentes de segurança pública. Com depoimentos inéditos sobre o caso, os procuradores Antonio Cabral, Andrey Mendonça e Marlon Weichert, do MPF no Rio, enviaram à Justiça 38 volumes de documentos, mais gravações de depoimentos. E, de acordo com O Globo, também responsabilizaram os generais reformados Newton Cruz — então, chefe da Agência Central do Serviço Nacional de Informações (SNI), já indiciado quando o caso foi reaberto em 1999 — e Nilton Cerqueira, que comandava a Polícia Militar do Rio; além do major reformado Divany Barros ­– agente do DOI-I – e o ex-delegado capixaba Cláudio Guerra. Outros nove autores identificados já faleceram.

O crime aconteceu em um momento em que uma ala radical do Exército tentava deter o processo de abertura política durante o governo do presidente João Figueiredo (1979-1985).

O Globo diz que a denúncia acusa o grupo de tentativa de homicídio doloso, explosão, transporte de explosivos, formação de quadrilha, favorecimento pessoal e fraude processual.

O blog não conseguiu contato com o general Sá Rocha.

Twitter: @davisoaresal