A editoria de municípios do jornal CadaMinuto Press retornou esta semana a entrevista dos novos prefeitos alagoanos. Com cerca de 23 mil habitantes, Craíbas está localizada no agreste do Estado, próxima à cidade de Arapiraca. O seu eleitorado está em torno de 16 mil votantes.

Aos 30 anos, Bruno Albuquerque de Farias Santos, o Bruno Pedro (PTB), foi eleito com 50,95% (6.579 votos válidos) contra seu opositor e candidato a reeleição - à época, Dinho Leite (PT do B). De família tradicional, Bruno Pedro ocupa hoje o espaço que era do seu tio e ex-prefeito do município, Jadson Pedro.

Na entrevista, o prefeito de Craíbas destaca que a presidente Dilma Rousseff (PT) não tem noção do colapso financeiro provocado com os cortes e reduções das receitas destinadas aos municípios brasileiros.

Além disso, ao falar sobre o governo de Teotônio Vilela (PSDB), Bruno ressalta Segurança Pública e o Gerenciamento dos Transportes Intermunicipais como áreas que ainda precisam de um esforço maior do Estado para solucionar os problemas que vêm afetando a cidade de Craíbas.

Abaixo, o blog disponibiliza - na íntegra - a entrevista publicada no Jornal CadaMinuto Press. 

Qual a avaliação que a senhor faz desses nove meses de mandato à frente da Prefeitura de Craíbas?

Apesar das dificuldades enfrentadas pelos fatores adversos ao longo do ano, faço nesses dez meses uma avaliação positiva da administração atual, quando se trata da reestruturação dos serviços básicos prestados e atuação no reequilíbrio das finanças e na busca pela regularização do Cadastro Único de Convênios (CAUC).

Os municípios brasileiros passam por uma crise financeira que é do conhecimento de todos. Como o senhor pretende enfrentar essas dificuldades e manter funcionando as áreas essenciais para população?

Desde o início deste ano venho mantendo bastante cautela com relação ao equilíbrio entre receitas e despesas, investindo na manutenção dos serviços básicos em favor da população, mas vale ressaltar que essa crise financeira pela qual os municípios vêm passando - provocada pelas quedas de repasse e desonerações - inviabiliza às administrações municipais do Brasil afora.  Portanto, é praticamente impossível administrar desta forma em que coloca os gestores municipais numa situação difícil, considerando que a população das respectivas cidades espera tudo aquilo que foi prometido e elencado no plano de governo.

O senhor é prefeito de primeiro mandato e um jovem recém-chegado na política. Como tem sido administrar um município com mais de 22 mil habitantes e que também tem seus problemas administrativos?

Apesar de jovem em primeiro mandato, sempre me senti pronto para enfrentar os problemas administrativos e conduzir uma gestão de qualidade para os mais de 22 mil habitantes de minha cidade. Mas, infelizmente, existem problemas que fogem um pouco da capacidade e competência de um bom gestor para serem resolvidos. Quando se trata de gestão em um município que não tem uma receita própria, com sua única renda originada dos repasses do Fundo de Participação dos Municípios (FPM), inapto à receber recursos federais por conta da inadimplência, o desafio se torna maior. A opinião pública nesses casos é bastante criteriosa e diversificada, devido à rivalidade política histórica entre grupos de situação e oposição.

Em 2012, quando as urnas apontaram sua vitória no pleito, o senhor venceu o candidato opositor – que estava no mandato - com quase 51% dos votos válidos. A que se deve essa votação e o reconhecimento nas urnas da maioria dos munícipes?

Apesar da vitória, pode-se constatar que foi uma eleição bastante acirrada, onde praticamente houve uma divisão da população no que diz respeito à preferência do eleitor. Mas devemos levar em consideração que do outro lado estava o candidato opositor, no exercício do seu terceiro mandato, detentor de uma vasta experiência política. A população apostou na mudança, na esperança de dias melhores, de passar a ter melhorias nos serviços prestados, principalmente, educação e saúde. Acho que o desgaste natural do opositor e a aposta na capacidade e competência da minha pessoa foram os principais fatores.

O que dizer do trabalho da sua gestão nas áreas da Assistência Social, Educação e Saúde que são considerados os carros-chefes de uma administração municipal?

Estamos fazendo um trabalho bastante focado nessas áreas – principalmente - na área da Educação e saúde, considerada a mais crítica e mais deficiente quando se trata de volume de recursos para custeio. Na Saúde, por exemplo, conseguimos reformar todos os Postos de Saúde, além da ampliação do Posto do Distrito de Folha Miúda, que encontra-se em andamento. Ampliamos a rede de marcação de consultas e solicitação do cartão do Sistema Único de Saúde (SUS) estendendo às unidades de saúde localizados nas comunidades. Na Educação, conseguimos investir no servidor concedendo um aumento de 22,4% aos professores do município para atender o piso que estava defasado há anos e garantindo o direito constitucional dos profissionais do magistério. Estamos também em parceria com a Mineração Vale Verde reformando treze escolas municipais.

O Fundo de Participação dos Municípios (FPM) vem caindo gradativamente a cada mês. Outubro, por exemplo, a queda foi maior que o ano anterior. Como Craíbas tem feito para administrar financeiramente essas quedas constantes do FPM e que recai em prejuízos para o município?

Infelizmente, só existe um meio que é reduzir despesas sem comprometer o sistema administrativo, mas mesmo assim está sendo muito difícil equalizar isso.

Os prefeitos alagoanos cobram do governo federal o acréscimo de 2% do FPM. A presidente Dilma Rousseff liberou uma Ajuda Financeira aos Municípios (AFM) e disse que o FPM cresceu este ano. O que dizer dessas afirmações da presidente?

Acho que a presidente Dilma Rousseff foi infeliz em seu comentário e não tem noção do colapso financeiro que tem provocado com os cortes e reduções das receitas destinadas aos municípios brasileiros. Com as quedas e desonerações no FPM e mesmo com ajuda financeira, não estamos conseguindo manter todos os pagamentos em dia. Para isso, priorizamos o pagamento dos servidores públicos municipais rigorosamente em dia, e temos alguns dos nossos fornecedores com pagamentos em atraso, como é o caso da grande maioria dos municípios do porte de Craíbas.

A presidente Dilma Rousseff falou em entrevista a uma rádio – em Salvador - que a diminuição dos recursos e a PEC 39/2013 que tramita no Senado Federal e determina aumento do FPM, “não tem sentido”. O que dizer dessa análise já que os prefeitos querem aprovação da PEC 39?

A grande carga quando se trata da disponibilização de serviços essenciais e de direito da população recai sobre os municípios e Estados. Sem uma distribuição equilibrada e justa entre os entes federativos será impossível administrar municípios como Craíbas daqui alguns anos. Ficará inviável manter os serviços básicos garantidos pela Constituição Federal, como por exemplo, a Saúde.

Da bancada federal de Alagoas, o que seu município adquiriu até este segundo semestre para população? Quem tem ajudado sua administração

Este ano conseguimos recursos na ordem de 300 mil reais, através de emenda do deputado federal Renan Filho (PMDB), para ser destinada à Saúde do município com aquisições de equipamentos para os Postos de Saúde. O também deputado federal Givaldo Carimbão (PROS) garantiu recursos para construção da estrada que liga o Distrito de Folha Miúda a Craíbas (cerca de 10 km).

Como prefeito, qual é avaliação que a senhor faz do governo de Teotônio Vilela Filho (PSDB)?

Acho muito precipitado no meu caso fazer uma avaliação precisa do governador Teotônio Vilela Filho (PSDB) com relação ao trabalho feito em favor do município de Craíbas nesses meses em que estou à frente da Prefeitura. No entanto, posso adiantar que os secretários Municipais têm mantido contato e um relacionamento junto aos secretários Estaduais no intuito de firmar parcerias e atuar em conjunto nas respectivas áreas. Alguns casos estamos conseguindo avanços significativos. Em outras áreas, como Segurança Pública e Gerenciamento dos Transportes Intermunicipais, por exemplo, ainda esperamos um esforço maior por parte do governo do Estado para solucionarmos problemas que vêm afetando bastante nossa cidade.

Como o senhor avalia essa nova proposta de criação de Consórcios Intermunicipais para o Estado de Alagoas?

Muito positiva. Os consórcios intermunicipais vêm otimizando à gestão integrada entre municípios em algumas áreas, trazendo soluções para os problemas comuns com o objetivo principal de redução de custos e maior qualidade dos serviços. O próprio Governo Federal tem visto com bons olhos esta proposta e tem dado prioridade na liberação de recursos para os municípios consorciados para tais fins.

Por fim, qual a análise que o senhor faz do governo petista da presidente Dilma Rousseff? A maioria dos prefeitos tem gostado do modelo de gestão do PT e, principalmente, da presidente. Qual sua opinião?

Avalio como Bom. É um modelo de gestão eficiente que tem como peça chave o combate à miséria e à pobreza, através dos diversos Programas Sociais mantidos, mas tem deixado um pouco a desejar no sentido de dar uma maior atenção aos municípios - quando se trata de repasses de recursos para os mesmos.

O que esperar de 2014 após este ano de 2013 ter sido bastante preocupante com relação às crises financeiras, quedas no FPM e algumas greves que afetaram os municípios alagoanos?

Esperamos que no próximo ano tenhamos uma estabilização da situação dos repasses para que possamos equilibrar as finanças municipais e delinearmos um planejamento anual de execução.  Com isso, de fato, trabalharemos de maneira mais tranquila e atenderemos aos anseios da população.

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