Nascemos juntos. Eles e eu. Choro incontido dos dois lados. Choro sem explicações racionais. Choro de alegria e euforia. Eles urravam em um som harmonioso, quase uma música sincronizada e compassada. Eu, chorando calado, mudo e sem ainda poder acompanhar a filarmônica dos berros desconcertantes.
Ali, na sala de parto (sim, acompanhei tudo de perto, desde o resultado positivo do exame até os dias de hoje, afinal estamos falando da minha vida, ou melhor, das nossas vidas) tudo era música a cada som dos pequeninos que me davam a vida. Estávamos nascendo naquela hora, no mesmo lugar, ao mesmo tempo. Eles, ainda pequenos, de olhos semicerrados. Eu, fiquei menor ainda, perto de tamanha ousadia: ser pai. Foi assim com todos os quatro nascimentos da minha vida. Quase um gato que dizem que tem sete vidas, eu, até agora, renasci quatro vezes.
A cada vida minha batizei com um nome diferente. Sou o Lucas, sou a Bia, sou a Tyla e sou a Catatau (Liz) e tenho vivido etapas diversas entre a tenra infância e adolescência efervescente onde meus hormônios insistem em se rebelar contra tudo isso que está aí.
Acompanho nossos passos bem de perto. Curioso que sou e somos, exploramos o desconhecido mundo de pais e filhos redescobrindo que através dele, um amor infinitamente superior também nos transformou. Do primeiro banho, ao primeiro som, os passos balbuciantes, as quedas, as birras para não comer brócolis, mas também quem diacho gosta disso? Dos desenhos infantis mais infantis, aos filmes que já começam a despontar a maturidade para a fase adulta tenho me cortado em quatro vidas que me enchem de algo inexplicável.
É uma transformação constante e surpreendente. E o melhor: é um enredo sem script, sem saber o meio, ou o fim, mas com um começo que tem nos dado um trabalho contagiante e recompensador a cada redescoberta. Não me conheço mais sem minhas quatro vidas. Não me reconheço sem eles, sem mim. Talvez aqui possa fazer uma revelação, mais uma. Se me perguntassem de novo, há tantos anos quando ainda criança o que eu queria ser quando crescesse, depois de tudo isso que vivi em quatro vidas, eu certamente responderia: EU QUERO SER PAI!
Feliz dia dos pais a todos que sabem bem o que isso significa!