A vinda do Papa Francisco teve vários momentos importantes e que foram exaustivamente cobertos pela imprensa. Quero aqui destacar um momento em especial. O terrível espetáculo de intolerância e desrespeito por parte de integrantes da “Marcha das Vadias” no Rio de Janeiro.

Leia trecho de notícia do portal G1:

“No início da passeata, na Praia de Copacabana, dois manifestantes – com os rostos cobertos – chutaram crucifixos que estavam no chão. Eles carregavam duas imagens: de Nossa Senhora Aparecida e Nossa Senhora das Graças. Minutos depois, com uma delas já destruída, um dos manifestantes pega a outra imagem e a atira contra o chão. Os dois estavam cercados por outras pessoas que participavam da marcha. No momento, não havia peregrinos em volta”.

O ato demonstra algo que eu já digo faz tempo. Pautas comunitaristas levam à intolerância. Quando o feminismo é liberal, requer a remoção de amarras legais e institucionais que tratem homens e mulheres de forma desigual. É um pleito justo. Vale para homossexuais, negros, mulheres e qualquer grupo que se sinta discriminado.

O problemas são as pautas comunitaristas, que não exigem tolerância e respeito, mas sim benesses estatais e privilégios legais como cotas e verbas para “cultura excluída”. Ademais, em certos aspectos, a visão comunitarista de mundo está ligada a uma ideia de luta (não mais luta de classes, mas luta de grupos) em que há um grupo hegemônico e dominador e outros vários contra-hegemônicos e dominados.

Daí para a violência e a intolerância é um passo curto. Quando se vê a sociedade dividida em grupos, o indivíduo fica esquecido e é visto como mera peça na engrenagem do sistema. Isso gera o que um amigo chamou de “paradoxo”. Grupos que cobram tolerância agindo com intolerância e se igualando a quem tanto critica. Lembram dos pastores evangélicos chutando imagens católicas?

Já imaginou? Feministas ao lado dos mesmos pastores evangélicos destruindo imagens católicas?

Eu não vejo como paradoxal, mas sim uma consequência natural da visão de mundo comunitária, que é, ao mesmo tempo, coletivista e exclusivista. Além de pegar o que há de pior na filosofia marxista que é a dialética material da luta. Juntando tudo isso não temos luta pela tolerância (que é tipicamente liberal), mas luta por privilégios de grupo e por destruição do grupo hegemônico.

A referêcia ao Papa Francisco então faz todo sentido. Chegou pregando tolerância. Botou cocar de índio na cabeça e recebeu líderes religiosos. Quando defendeu seus valores mais conservadores, falou aos católicos. Deu declarações amenas sobre homossexualidade e pediu mais diálogo. Deixando de lado seu franciscanismo na economia, o que ficou foi a mensagem de tolerância e paz.

Mais tolerância. É disso que precisamos.