Por mais de duas horas, o médico legista Fortunato Badan Palhares, responsável pelo primeiro laudo pericial sobre mortes de PC Farias e Suzana Marcolina, explicou detalhes sobre a confecção do laudo e apontou provas que ajudou a equipe a chegar à conclusão de um crime passional. Badan mostrou aos jurados detalhes sobre a projeção da bala e do sangue encontrado na cama, onde os corpos estavam.
O médico afirmou que foi designado para o caso pelo Ministério da Justiça, através de um convênio da Unicamp e a Polícia Federal (PF). Dentre muitos detalhes, Badan mostrou fotos da cena do crime, da perícia feita no local, da exumação dos corpos e principalmente da reconstituição, onde apontava a trajetória da bala que vitimou Suzana.
Sobre a cena encontrada pelos primeiros peritos, Badan afirmou que “pela forma como o lençol da cama estava, não apresentava sinais que houve uma briga antes dos disparos”. Ao indagado pela promotoria sobre as impressões digitais na arma, o médico afirmou que os fragmentos de digitais existentes no revólver não eram significativos para uma análise mais precisa.
A promotoria questionou se no exame de audibilidade não comprovaria que os seguranças teriam a capacidade de ouvir os disparos com uma distância de 43 metros. “Doutor esse foi o teste mais interessante que já fiz. Eu disse que iria fazer os disparos, mas não me manifestei o momento. Houve o primeiro disparos, ninguém disse nada, houve o segundo e não me manifestei. Quando joguei uma agenda minha muito pesada no chão e fui para a varanda e perguntei aos jornalistas, que estavam presentes, quantos tiros eles ouviram. Muito disseram que ouviram apenas um, outros dois. O tiro era audível, mas temos que levar em conta que aquelas pessoas estavam lá atentas para o que iria acontecer. Na noite das mortes era uma noite festiva e os segurança poderiam não estar atentos para o que acontecia dentro da casa, já que o tiro veio de uma pessoa que ninguém esperava”.
Badan disse ainda que os disparos poderiam sim ter sido confundidos com tiros de rojão. “Ontem mesmo aconteceu um homicídio em frente ao hotel onde estava e pensei que os tiros fossem disparos de rojão. No entanto, depois de algum tempo percebi o rapaz morto no local”, colocou.
A defesa
Ao ser indagado pela defesa do acusados, Palhares afirmou que “hoje não tem mais nenhuma dúvida” de que o crime foi passional. Sobre a destruição do colchão, o médico legista garantiu que esse detalhe não interferiria no resultado. “Um perito sabe o que deve ser registrado. Tudo o que os peritos precisavam foi coletado e fotografado. O que não foi guardado não era necessário”, frisou.
Badan disse que durante algum tempo chegou a pensar na possibilidade de ter errado no laudo pericial, mas após colocar a peça para ser analisada por peritos americanos teve a certeza do resultado do seu trabalho. “O local do crime define por si só que foi um homicídio seguindo do suicídio. Hoje estou amparado por peritos americanos e tenho certeza absoluta disso”, ressaltou.