Nascer palhaço. Todos deveríamos nascer assim. Ao invés do choro, o sorriso aberto e engraçado. A ingenuidade estampada no rosto e a alegria de viver. Etimologicamente a palavra  deriva da língua italiana em razão do vocábulo "paglia" que significa palha em português em virtude das roupas destes personagens serem enxertadas por este material para que eles aguentassem as quedas e as constantes estripulias corporais.

Seríamos assim felizes por natureza, alegres por opção e ingênuos por nascimento.

No entanto, parece que mesmo sem nascermos palhaços, nossos políticos ou o nosso sistema político insiste em testar nossa ingenuidade e alegria para sempre desfilar as suas sem-vergonhices e canalhices nada engraçadas. E aí acabamos sendo considerados os grandes palhaços desta nação, que deve continuar a rir e se esfalfar da safadeza e da roubalheira com o dinheiro público. Tomemos como exemplo o nosso poder legislativo que cada dia nos surpreende mais, e, infelizmente, de forma negativa.

Ao divulgar os nomes das figuras que recebiam os tantos mil teréns sem dar um dia de serviço no parlamento mirim descobrimos os descalabros e acinte dos nossos políticos "cara de pau" que ainda insistem em tentar nos convencer que tudo está sendo feito dentro da maior "legalidade". Nunca vi ser legal pagar funcionário fantasma!  Nunca vi ser legal fazer tamanha benevolência com dinheiro público em um estado miserável como o nosso. Nunca vi ser legal não exonerar servidor público que não aparece para trabalhar, pois estabilidade não quer dizer perpetuidade ou vitaliciedade da safadeza e da ilegalidade.

Tantas figuras conhecidas e carimbadas da sociedade recebendo gordas porções sem nunca aparecer para a contraprestação laboral. E ganhando bem. Muito bem. Mais do que professores, médicos e policiais. Muito mais.  

E tem gente que se ofende ao ser questionado. E como se ofende. Determinado radialista (e também fantasminha nada camarada) até de maloqueiro e palhaço vociferou contra o "advogado e professor universitário" que havia tido a petulância de perguntar como é que ele  fazia para ser onipresente, pois se o mesmo estava a apresentar seu programa na parte da manhã, não poderia estar também prestando serviços na Câmara Municipal de Maceió e ganhando a mixaria de 17 mil reais por mês. Só isso. E tudo dentro da maior legalidade.

Pois é. Todos nós, palhaços e maloqueiros não podemos questionar o que se faz com o dinheiro público, pois os fantasmas bem nascidos e criados do nosso estado não admitem que pessoas vindas da "maloca" chamada sociedade possam questionar porque eles têm o privilégio de receber, e muito bem, sem trabalhar.

Enquanto isso, nas malocas alagoanas se continua a viver de esperança que algum fantasma desse, possa, dentro da maior legalidade também, oferecer um pouco mais de educação, saúde e segurança ao invés de estórias assombrosas e fantasmagóricas onde os palhaços e maloqueiros só podem rir e achar graça das piadas nada engraçadas deles.

E entre maloqueiros, palhaços e fantasmas seguimos a vida como ela é, mas que não deveria ser.    

E aí a gente fica se perguntando. Do que mesmo é feito o ser humano?