Gênesis da verdade científica:

No começo eram todos politeístas, inclusive Abraão; todos adoravam vários deuses, porque cada povo tinha o seu deus, e alguns mais de um, de dois, de três deuses e isto na mesma aldeia ou na mesma nação.

Não sei se esses povos primitivos eram mais felizes, só sei que o politeísmo era um entrave à expansão guerreira e às conquistas; quando uma aldeia, ou um país, invadia outro país era complicado manter o povo dominado sob controle devido à variedade de crenças.

Foi aí que, no século 8 antes de Cristo, um iluminado chamado Zaratustra e que também é conhecido como Zoroastro, promoveu a primeira reforma religiosa e impôs o que até hoje vigora – que é a crença no deus único.

Zaratustra foi rei da Pérsia (hoje Irã) e determinou que todos deveriam venerar apenas um deus, que era o principio do bem e que lutava diariamente para derrotar o mal, e que caberia aos cidadãos fazerem o bem para ajudar a deus derrotar o mal.

Pronto! A partir daí se abriu as brechas pelas quais foram surgindo as religiões. Abraão, que era politeísta, se tornou monoteísmo e do monoteísmo de Abraão surgiram o Cristianismo, o Judaísmo e o Islamismo.

No século 15, depois de ter mandado matar os cristãos, o imperador Constantino se converteu ao Cristianismo e impôs os Evangelhos que hoje constam na Bíblia; o imperador determinou que somente os Evangelhos de Marcos, Lucas, João e Mateus deveriam ser aceitos na Bíblia – os demais foram considerados apócrifos.

Constantino se converteu ao Cristianismo, mas não foi por fé, e sim porque era a última tentativa que poderia fazer para tentar salvar o Império Romano. Malogrou, mas em compensação o Catolicismo se expandiu.

E como tudo que se expande, se divide, o Catolicismo se fragmentou com a Ortodoxia grega e o Anglicanismo inglês; e o Cristianismo, igual ao Judaísmo e ao Islamismo, também se dividiu entre católicos e protestantes; ortodoxos e moderados; xiitas, sunitas, etc.

Tudo foi evoluindo, menos a Igreja Católica. Até meados da década de 1960, os padres celebravam a missa em latim e de costas para os fiéis; e não foi fácil mudar o ritual, porque o clero francês reagiu às mudanças.

Devido a essa posição empedernida, o Catolicismo está perdendo fiéis. Mas não somem as baixas apenas para aqueles que deixaram se ser católicos e passaram a ser evangélicos, porque há também os que se desencantaram e viraram ateus, ou seja, não tem mais religião alguma.

O ato da renuncia do papa Bento 16, inédito em 600 anos, traz embutido essa luta interna no Vaticano sobre a necessidade de renovação. Bento 16 desabafou que não esperava encontrar a Igreja Católica que encontrou.

Mas, será que Bento 16 também não é culpado?

Vamos recordar que, quando era o cardeal Joseph Ratzing, encarregou-se do processo de beatificação e santificação do padre Cícero – que foi perseguido pelo Vaticano, porque se temia que pretendesse fundar uma Igreja Católica, Apostólica e Nacionalista.

Professor do teólogo e frei punido Leonardo Boff, ao se tornar o papa Bento 16, o antigo cardeal não entendeu que é necessário “derrubar o Império Romano da Igreja Católica”, para tornar o catolicismo condizente com a realidade.

Como bem explicou o teólogo Leonardo Boff, não dá mais para suportar a proibição ao uso de camisinhas. Assim como não dá mais para explorar o pecado como forma de persuasão.

Lembremos-nos todos da célebre frase do escritor ateu José Saramago, quando lhe perguntaram como pode um homem bom, igual a ele, não acreditar em Deus e ele respondeu:

- Como pode um homem que acredita em Deus, ser mau?

O papa Bento 16 não entendeu – ou entendeu e por isso renunciou – que não dá mais para suportar essa hegemonia europeia sobre o Catolicismo e que chegou o momento de se chamar um cardeal latino ou um cardeal negro para tentar juntar o rebanho que ameaça se evadir.