O ministro da Educação, Aloísio Mercadante, esqueceu o senador Renan Calheiros e agora ataca o Gabriel Chalita – que não será mais ministro da Ciência e Tecnologia, pelo menos é o que se comenta em Brasília.
Num famoso restaurante na Capital Federal, e que é freqüentado pela classe política, alguém ouviu e me contou a conversa de uma dupla petista que sorvia doses de uísque:
- Ele não será ministro. Quer apostar?
Ele, no caso, é Gabriel Chalita, que o Mercadante conseguiu detonar. No movimento contra a eleição do senador Renan para a presidência do Senado, também se comenta às escancaras em Brasília que o comandante é o Mercadante.
O ministro da Educação pode estar cumprindo uma tarefa da ala do PT mais à esquerda. Essa ala interessa a “governabilidade” da presidente Dilma, pois enquanto cede de um lado, de outro ela se escuda nesta ala – ainda que de forma sorrateira.
É um jogo bruto.
Bruto e arriscado para a pretensão da presidente Dilma de se reeleger sem causar fissuras graves entre os aliados e alinhados. Não é fácil e a crise pode estourar no Rio de Janeiro, com a candidatura do senador Lindberg Farias ao governo do Estado.
Lindberg diz que é candidato à sucessão do governador Sérgio Cabral e o ex-presidente Lula, que o apóia, sustenta que o PT tem direito sim de disputar o governo do Rio de Janeiro. Mas Cabral tem outro candidato – é o seu vice-governador, Luiz Fernando Pezão.
No Rio, a briga com o PMDB já parece posta à mesa.
A tarefa dada a Mercadante resume a preocupação da cúpula petista com o espaço que o PMDB conquistou nesta segunda fase da Legislatura. O domínio da Câmara Federal e do Senado pelo PMDB não estava nos planos de Lula nem de Dilma.
Assim, pode-se entender agora o porquê do movimento contra a eleição do senador Renan para a presidência do Senado.
O PT exigia o rodízio nas duas Casas. Se nos primeiros dois anos a Câmara Federal foi presidida pelo PT, agora é a vez do PMDB. Mas, o senador Renan tratou logo de separar as coisas e sustentou que o rodízio não valeria para o Senado.
E não valeu mesmo; Renan obteve mais votos do que esperava e se elegeu presidente da Casa onde o PMDB tem a maioria. E quem tem a maioria, só não dirige o Senado se não quiser.
Em todo caso, é bom Renan não baixar a guarda. Mercadante está ocupado na tarefa para detonar o Chalita, mas já, já ele retoma a campanha com apoio da ONG que recebe verba pública.