Acho que a pergunta ficaria melhor assim: o que é ser reacionário?
Não vamos buscar no dicionário porque é lugar comum e, apesar de baseado na hermenêutica, não define na prática as atitudes e as reações de algumas pessoas.
O exemplo típico está sendo visto com o caso da blogueira cubana, que quer falar e ninguém deixa. E por que não deixam ela falar?
Porque é tudo mentira o que ela vai dizer – afirmam os que não a deixam falar.
Sim, mas quem concluiu que é mentira se você não me deixou que eu mesmo ouvisse a blogueira falar para tirar as minhas própria conclusões?
Isto me lembra a música do Pink Floyd, quando ele diz que não precisa de professor para dizer o que ele tem que fazer no mundo.
O vídeo é fenomenal porque no final é todo mundo sendo triturado numa máquina de fazer lingüiça.
Mussoline e Hitler não deixavam ninguém falar. Só eles falavam. E você, que também não deixa a Yoani Sáncher falar está mais perto de Mussoline e Hitler, ou de Ghandi – que fez uma revolução só com o verbo, sem disparar um tiro?
Ah! Talvez seja por isso. O que a Yoani tem a dizer pode causar uma revolução, é isso?
Mas, me digam uma coisa: se é tudo mentira o que a Yoani tem a dizer, qual a razão do temor da fala dela?
Deixando de lado o mérito da questão, ou seja, Cuba, o que está em discussão é o direito ao contraditório - que é uma conquista da cidadania; onde não há o direito ao contraditório, não existe cidadãos.
Porque no lugar onde não se garante o contraditório, não existe liberdade; e onde não existe liberdade, não existe justiça; e onde não existe justiça, não existe Direito; e onde não existe Direito, predomina a tirania.
Que bom que podemos exercer esse sagrado direito ao contraditório; e que pena que a blogueira cubana, que já sofre tanto no seu país com o cerceamento da liberdade, também tenha sido impedida no Brasil de experimentar o gosto indescritível de dizer o que quiser.
E estar preparada para ouvir também.