É inegável o avanço de Cuba na educação e na saúde, mas não é justo afirmar que lá é o Éden que a humanidade almeja – até porque o céu não existe; a exceção é na boca acima da língua.
Também é inegável o trabalho que Fidel Castro realizou como comandante supremo da revolução, em cujo primeiro ato desapropriou as terras do próprio pai – do qual, evidentemente, é herdeiro.
Mas todo o projeto tinha um prazo de validade, porque é impossível ser feliz sozinho. Se antes, Fulgêncio Batista buscava se escorava nos Estados Unidos, Fidel foi se escorar na União Soviética – que também foi outra quimera com prazo de validade.
Isto porque o capitalismo se renova nas crises, não é um modelo estático. E como visa o lucro como estimulo à produção, ele é o chamariz para a vaidade e aspirações pessoais.
Quando a União Soviética desmoronou, Cuba também caiu. Todo mundo sabe disso, inclusive o novo comandante Raul, a quem coube fazer a “reforma administrativa” demitindo 500 mil servidores públicos – que não sabem fazer outra coisa, senão na burocracia estatal.
Esses 500 ex-servidores do estado terão agora que se virarem sozinhos, num país que ao mesmo tempo protela as mudanças radicais.
Como ser capitalista num país que não admite o capitalismo privado? Essa é uma questão crucial.
Se os acertos em Cuba estão à vista na educação e na saúde, os erros também. E há erros interessantes, como a estatua de John Lennon que Fidel permitiu que se construísse numa praça em Havana – e isto, depois de ter impedido a juventude cubana de ouvir os Beatles.
A jornalista e blogueira cubana não estar só e nem deveria; ninguém levanta a cabeça na guerra, sem um escudo.
A blogueira está fazendo uma viagem ao mundo em 80 dias. E sabia que iria passar pelo que está passando, como sabe que pode ser ainda pior quando desembarcar em Cuba.
Mas, o que nenhum opositor homem conseguiu até hoje Yoani Sánchez está conseguindo – inclusive, com a ajuda dos próprios comunistas. Já, já eles vão transformar a blogueira em mártir.
Se escapar dessa com vida, Yoani pode ser a primeira mulher a comandar Cuba. Quem viver, verá.