Um pensador chamado Nicolau de Cusa escreveu certa vez o seguinte:

- “Os opostos se encontram no infinito. Uma curva infinitamente grande se confunde com uma reta”.

Traduzindo para o alagonês:

Quando você chama alguém de ladrão é porque você está se identificando com o seu oposto, com o qual vai coincidir no infinito.

Do mesmo jeito, quando você chama alguém de pirôbo é porque você é pirôbo também. Todo homofóbico é bicha; uns conseguem segurar e se mantém no armário, e outros saem do armário e matam o bofe com quem transou.

As vivandeiras alagoanas do senador Renan Calheiros estão indóceis. São na maioria servidores públicos, alguns aposentados, que chegaram ao serviço público sem mérito; que entraram pela janela como beneficiários de favores de políticos que bajulou.

Não tem moral para falar de ninguém, mas falam. São parasitas que se hospedaram imoralmente no serviço público e se locupletaram.

Quem me acompanha sabe que desde a crise de 2007 eu defendo o senador Renan; e sabe também da minha posição em relação ao impeachment do Collor – que foi a maior putaria política jurídica da história deste país.

Uma vergonha!

Do mesmo modo, os ataques que o senador Renan sofreu até ser obrigado a renunciar à presidência do Senado, em 2007, foi uma armação sórdida promovida pelos que não conseguem pelo voto o domínio do Senado e não admitem o sucesso de um nordestino.

E os bois do Renan? Perguntam as vivandeiras.

Os bois do Renan me lembram um episódio na época do Plano Cruzado, com o tabelamento dos preços dos produtos. A carne bovina sumiu dos açougues do país; ninguém via mais o gado no pasto.

Eu fui fazer uma matéria no Mafrial com a dona Zoraide Beltrão. A pauta era para saber onde estava o boi. Dona Zoraide me tratava muito bem; eu fui aprestado a ela pelo saudoso companheiro Antônio Pedrosa, de quem ela gostava muito.

- Dona Zoraide, cadê o boi?

E ela me respondeu:

- Meu filho, estou com quase 60 anos. Não tenho boi mais não...

No caso dos bois do Renan a desfaçatez, a sacanagem, a má-fé é tanta que ninguém ainda hoje foi atrás do laranja que, segundo dizem, intermediou a negociação. E não foram atrás porque esse laranja, na verdade, é laranja do frigorífico e nada tem a ver com o Renan.

E por que ele mantém a versão? Ora, porque não há sinceridade nessa cruzada moralista que eles tentam fazer crer seja verdadeira.

Outra coisa: alguém sugeriu para que eu seja “um jornalista independente”. Não posso; não posso porque não existe jornalista independente e aquele que tenta aparentar age desonestamente.

Jornalista só é independente quando está desempregado. Nem o dono da empresa jornalística é independente!

Agora, se você exige de mim o discurso cínico; o palavreado fácil para atacar o Collor, o Renan ou o Lula, eu sou a pessoa errada. Eu não me enquadro naquela assertiva do Nicolau de Cusa; eu vou me encontrar com o meu oposto no infinito, mas sem hipocrisia.

Para as vivandeiras do Renan, que estão de boi, meus pêsames.