- Por que o Cavalcante foi preso e perdeu a patente de coronel?
- Porque matou muita gente.
- Oxi, e só por isso? E isso é crime em Alagoas? Quantos também mataram e esfolaram e não estão presos?
Gente! Em primeiro lugar eu devo dizer que não escrevo para definir; eu não sou Deus, pois só Deus define tudo. Eu escrevo para discutir, para mandar pensar.
E sendo assim, eu nunca acreditei na punição do ex-coronel Cavalcante como uma ação moralizadora de caça aos crimes em Alagoas; também não acredito em “gangue fardada” porque o que existe é simplesmente uma gangue atuando ontem e hoje.
E sempre.
Eu entendo a prisão e a punição do Cavalcante como resultado daquele fatídico 17 de julho de 1997. O então governador Suruagy e o Cavalcante foram os dois grandes derrotados.
Por quê?
Eu estava lá na praça e vi; ninguém me contou. O capitão que comandava a tropa do Exército que guarnecia a Assembléia Legislativa olhou para o alto e viu na sacada do prédio do Arquivo e da Biblioteca Pública os “ninjas” em posição de tiro e apontando as armas para a tropa.
Foi um insulto que o Exército não perdoou.
Ao final, ao procurar saber quem eram aqueles “ninjas” ousados que apontaram as armas contra a tropa, o capitão foi informado de que “eram os homens do Cavalcante”.
E quem era o Cavalcante?
É um oficial da Polícia Militar que tem uma tropa a sua disposição e distribui salvo-condutos pelo Interior do Estado, para quem quiser transitar sem ser importunado por blitzes nas rodovias. Também é (era) candidato a deputado estadual.
Ah...
Logo em seguida o general José Siqueira assumiu a Secretaria de Segurança Pública e deu-se então a investigação sigilosa do Exército sobre a vida e a obra de Cavalcante. Depois de concluir o levantamento, o general Siqueira foi embora e assumiu a Secretaria de Segurança Pública do Rio de Janeiro.
Antes que alguém conclua açodadamente que estou defendendo o Cavalcante eu devo esclarecer que o meu papel é informar. Nunca houve ação moralizadora contra o crime em Alagoas, foi tudo um pano de fundo.
Se tivesse havido essa ação moralizadora contra o crime em Alagoas, todos os criminosos alagoanos também teriam ido para a cadeia.
E não foram. Pelo contrário, estão todos livres praticando os mesmos - e outros - crimes.