Revoltados com a condição de submissão política quando eram – e ainda são – o poder econômico do país, os industriais paulistas financiaram a revolução de 1932.

Apelidaram-na de “Revolução Constitucionalista”, mas para disfarçar o objetivo bairrista, regional, local, ou seja: paulista e paulistano.

O governo reagiu por terra, mar e ar. Foi uma carnificina que o esforço de guerra paulista não suportou e capitulou.

Um jornalista alagoano chamado Arnon de Mello escreveu o livro “São Paulo Venceu” e ganhou prestígio. O titulo do livro é pura ironia; na verdade, São Paulo se esborrachou.

Mas o jornalista Arnon de Melo contou a epopéia paulista, e muitas vezes como testemunha, de uma maneira que afagava o ego ferido dos derrotados e concitava à reconciliação nacional.

E novamente a paz invadiu os corações e o momento foi de ajudar a soerguer a locomotiva que puxa 26 vagões.

Depois do esforço de guerra, o esforço para reconstruir o que tinha virado escombro. E nesse particular entra o nordestino – que era a mão-de-obra barata e disposta, sobretudo o sertanejo, que Euclides da Cunha já havia elogiado pela força e a coragem.

-“Não tem a fraqueza dos neurastênicos do Litoral” – disse Euclides da Cunha ao se referir ao sertanejo nordestino.

Os nordestinos migraram para São Paulo e reconstruíram o Estado, e a maioria ficou por lá.

Com a força dos nordestinos, a locomotiva econômica voltou à linha e prosperou. Mas, novamente, se vê na condição de submissão política – e isto já dura 10 anos, contando-se os oito anos do Lula com os dois da Dilma.

Dir-se-á: mas o Lula é domiciliado eleitoralmente em São Paulo, se fez político em São Paulo, e viveu o maior tempo de sua vida em São Paulo.

É verdade. Mas, o que precisamos entender é que existem dois São Paulo: um fica na Avenida Paulista e o outro no ABCD paulista – e, este, tem base nordestina.

O Lula é desse outro São Paulo, o do ABCD paulista, que foi tomado na boa pelos retirantes nordestinos que tiveram sorte e viraram metalúrgicos.

O porta voz do Lula é o sindicato; o porta voz desse São Paulo da Avenida Paulista são os grandes jornais, ou seja, a chamada grande mídia.

Imaginem a situação: um ex-presidente da República, nordestino, que incomoda mais quando está sem mandato; um senador, nordestino e alagoano, presidindo o Senado, e o partido que fez opção para ser o fiel da balança do governo ditando moda junto com o PT.

É por isso que eles reagem. E, ainda bem, que devem ter lido o livro do jornalista Arnon de Mello.