O governo norte-americano fez as contas e concluiu que já gastou mais dinheiro com o combate as drogas, do que na guerra do Vietnã.

Ora, se os Estados Unidos perderam a guerra para as drogas, com certeza ninguém mais conseguirá vencer essa luta mantendo-se as mesmas táticas malogradas.

As drogas são indestrutíveis; é como tentar cortar o vento. A droga é antiquíssima e o registro mais antigo na história está com o personagem bíblico Nabucodonossor.

Nabucodonossor libertou os hebreus do cativeiro na Babilônia, mas também ficou conhecido por fumar uma erva e, em êxtase, rastejar se dizendo serpente.

Outro registro importante é que Washington, a capital dos Estados Unidos, foi construída em duas grandes fazendas de maconha pertencentes a Thomaz Jeferson e George Washington, que foram dois ex-presidentes norte-americanos.

E, ainda hoje, quem for a Boston pode assistir todo final de mês ao espetáculo dos veteranos da guerra do Vietnã que vêm fazer a revisão médica fumando maconha publicamente.

Uns em cadeira de rodas, outros atrofiados por estilhaços de granadas; outros sem braço ou sem perna, enfim, um batalhão que o governo não ousa impedir que use drogas.

É verdade que não dá para comparar a maconha com o crack e o uso livre da maconha pelos veteranos da guerra do Vietnã tem efeito medicamentoso.

Então quer dizer que a maconha é remédio?

Isso me lembra Maceió. Até o começo da década de 1960, a maconha era vendida no Mercado Público da capital alagoana com o sugestivo nome de “remédio para dor de mulher”.

Mais precisamente, para combater a TPM.

Havia, é verdade, uma tolerância, mas quando as autoridades passaram a combatê-la aí surgiram o haxixe, a cocaína, o crack, a merla e outras drogas sintéticas. Ou seja: a coisa saiu do controle e agora ninguém mais dá conta.

Criaram um monstro e estão todos agora com medo desse monstro, que não está só aqui no Brasil. O deputado Fernando Toledo visitou a Europa e me contou que se assustou as descer do metrô em Berlim, quando viu os grupos de jovens alemães se drogando.

A diferença para o quadro que se vê nas cidades brasileiras é só na epiderme. Na Europa eles são brancos; aqui são pardos ou negros.

Sim, mas o que fazer?

O governo de São Paulo colocou em prática a internação forçada dos dependentes de drogas. Não vai dar certo.

Primeiro, o estado não tem estrutura para acolher a todos e o gasto será corrente e crescente porque a demanda será sempre maior.

Segundo, porque à força não se recupera ninguém.