De 1º de janeiro até agora já são 29 mortes violentas de jovens, o que dá duas mortes violentas por dia. Mas não pensem que me refiro a Maceió; essas 29 mortes violentas de jovens foram registradas em Brasília.
Abro um parêntesis:
A Força Nacional também está no entorno de Brasília. A polícia de Brasília é a mais bem paga e a mais bem preparada da América Latina. Para se ter uma ideia: são quatro helicópteros da PM e dois da Civil. Na semana passada foram mais 300 viaturas entregues à polícia do Distrito Federal.
Fecho o parêntesis.
Os números da violência no Brasil têm servido para discursos demagógicos; a discussão em torno da violência sem controle só tem servido até hoje para pavimentar a caminhada de alguns na busca de mandatos.
E uma vez eleitos, nada fazem.
E enquanto não se discute a questão da violência com sinceridade; e enquanto o discurso for apenas eleitoreiro, a sociedade estará condenada a ser vítima dessa realidade que está nas ruas do país inteiro e nem mesmo a polícia mais bem paga e mais bem preparada do país consegue dá conta.
A questão da violência no Brasil só é discutida no palanque e a discussão demora o tempo necessário da campanha eleitoral à eleição propriamente dita.
Estamos brincando com os rebotalhos humanos que segregamos nas favelas e grotões, enquanto promovíamos a ocupação urbana desordenada e alimentada pelo maciço êxodo rural que não conseguimos estancar.
Esses rebotalhos humanos agora cobram a conta.
A violência se alimenta também da impunidade, seja pela condição do impune, seja pela revolta dos que veem a impunidade prosperar.
O que se mais ouve, nos programas policiais aqui e alhures, são as pessoas dizerem: queremos Justiça! E quando se clama tanto assim, em nível nacional, por Justiça, é porque estamos falhando no atendimento aos anseios sociais da população.
Os que superdimensionam a violência em Maceió agem por desinformação ou por desonestidade mesmo, devido aos interesses eleitorais. E não sabem o prejuízo que causam, especialmente ao setor turístico, ao afugentar quem deseja nos visitar.
Já são 29 mortes de 1º de janeiro até hoje. E isto, em Brasília, onde está a polícia mais bem paga e mais bem preparada da América Latina.
E a gente, que nada fez por Alagoas, queria o quê em Maceió? O Éden?